19/05/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

Raça humana

Publicado em 01/05/2014 12:00 -

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No último dia 27 um desajustado atirou uma banana na direção do jogador Daniel Alves durante a partida entre Barcelona e Villarreal, na Espanha. O lateral-direito brasileiro caminhou até lá, pegou a fruta e comeu. Na mesma noite, o jogador Neymar se manifestou em sua conta no Instagram, postando uma foto do momento em que Daniel Alves comia a banana com a seguinte frase: "Tomaaaaa bando de racistas. #Somostodosmacacos e daí?", escreveu. Depois, Neymar postou uma foto comendo uma banana ao lado de seu filho.

Foi o bastante para que milhares de pessoas, anônimas e públicas, se manifestassem de forma similar pelas redes sociais. Muitas honestamente, outras, como sempre, de forma oportuna. No frigir dos ovos a reação foi positiva, uma tomada de posição coletiva contra o racismo.

No entanto, se é inegável concluir que o racismo ainda existe – e tem força – a ideia de que a espécie humana pode ser dividia em raças está cada vez mais obsoleta. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, depois do nazismo, começaram a ser promovidos estudos que desacreditaram a ideia de raça na biologia e nas ciências sociais.

Se é inegável concluir que o racismo ainda existe – e tem força – a ideia de que a espécie humana pode ser dividia em raças está cada vez mais obsoleta.

O Homo sapiens europaeus é branco, sério e forte. O Homo sapiens asiaticus é amarelo, melancólico e avaro. O Homo sapiens afer é negro, impassível e preguiçoso. E o Homo sapiens americanus é vermelho, mal-humorado e violento. Essa caracterização da espécie humana, proposta em 1767 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-78), marca a primeira divisão "científica" da humanidade em "raças". Somado a crenças ancestrais e estudos científicos posteriores, o trabalho de Linnaeus colaborou para a consolidação do conceito de que a humanidade se divide em "raças" e para a justificação de todos os subprodutos dessa lógica, como o racismo.

Hoje, a ideia da inexistência das raças biológicas ganhou força com as recentes pesquisas genéticas.  Os geneticistas descobriram que a constituição genética de todos os indivíduos é semelhante o suficiente para que a pequena porcentagem de genes que se distinguem (que inclui a aparência física, a cor da pele etc) não justifique a classificação da sociedade em raças. Essa pequena quantidade de genes diferentes está geralmente ligados à adaptação do indivíduo aos diferentes meio ambientes.

O desenvolvimento e o acúmulo dos conhecimentos sobre a evolução da espécie humana, fornecidos principalmente pela paleoantropologia e pela genética, estabeleceram provas irrefutáveis sobre a inexistência de raças na espécie humana e desmascararam a camisa de força imposta por cientistas para adequar a realidade à prática social e à ideologia.

O perigo é entendermos que se a raça biológica não existe, o racismo também não.


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