19/05/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

Invertendo a dinâmica educacional

Publicado em 05/06/2014 12:00 -

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Qual é o país que queremos? Esta pergunta precisa ser feita se, de fato, quisermos construir uma nação livre das mazelas e incertezas que nos atormentam. Se o país que queremos é àquele onde as futuras gerações poderão usufruir de prosperidade e sustentabilidade, o caminho passa necessariamente pela valorização da educação. 

No Brasil, o modelo educacional tem priorizado uma corrida rumo ao ensino superior, como se a simples conquista do canudo fosse o suficiente para alavancar o progresso. Até pouco tempo, o Governo Federal alocava os recursos do setor quase que exclusivamente na última etapa do aprendizado formal. 

De acordo com o nosso modelo, cabe aos municípios e estados trabalhar de forma articulada para oferecer o ensino fundamental. Já o ensino médio é de responsabilidade dos estados. Combalidos financeiramente, estados e municípios oferecem, via de regra, uma educação de baixíssima qualidade. O resultado é uma multidão de jovens ingressando nas universidades sem o mínimo preparo para tal e desembocando no mercado de trabalho de posse de uma formação rasteira.

Esta dinâmica perniciosa resulta na baixa qualidade de nossos profissionais e, como consequência, em menos desenvolvimento.

Brasil precisa investir mais na educação fundamental e média e em cursos técnicos.

Não seria o caso de revertermos esta política educacional baseada em um complexo de inferioridade que ainda nos domina enquanto nação? Não seria o caso de investirmos pesado na educação fundamental e média e, especialmente, em cursos técnicos? Há alguns anos a presidente Dilma lançou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos técnicos e profissionais de nível médio, e de cursos de formação inicial e continuada para trabalhadores. A iniciativa foi excelente, mas ainda é tímida.

O uso da educação como ferramenta política – especialmente com a abertura desenfreada de vagas em cursos superiores em detrimento de investimentos de peso na educação fundamental e média e em cursos técnicos – tem atrasado o desenvolvimento do país em décadas. Inverter esta dinâmica  é um desafio e tanto: jovens universitários votam, alunos do ensino fundamental e médio não (pelo menos a esmagadora maioria destes).

Tão importante quanto a luta pelos 10% do PIB para a educação é nos conscientizarmos de que sem uma base educacional sólida estaremos formando profissionais de araque e isso terá consequências gravíssimas nas próximas décadas.


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