19/05/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

Bom Jornalismo requer bons cidadãos

Publicado em 10/09/2014 12:00 -

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A cobrança por imparcialidade na imprensa é salutar para a construção da democracia. Uma imprensa sem amarras, sem rabo preso é condição básica para o fortalecimento de uma sociedade democrática. Portanto é de extrema importância que o cidadão cobre dos veículos de comunicação que ofereçam um Jornalismo com "J" maiúsculo. Um Jornalismo que cumpra a sua função de informar e de ser um fiscal do poder.

No entanto, como fazer um Jornalismo deste porte se o maior financiador da imprensa é, justamente, o poder? Tirando um ou outro representante da grande mídia nos grandes centros (e não ponho a mão no fogo por todos eles) a esmagadora maioria dos veículos de comunicação (quiça sua totalidade) é financiada pelos legislativos e executivos municipais, estaduais e federais. Como, meus amigos, como fazer um Jornalismo de qualidade diante desta realidade?

Esta dinâmica perniciosa é especialmente pior no interior, nos grotões do país. Campo Grande (MS) não é diferente. Hoje, a verba publicitária advinda do Governo federal, do Governo do Estado, da Assembleia, Prefeituras, Câmaras Municipais e demais estruturas da administração pública são o esteio mantenedor de jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e sites de notícia do estado, dos menores aos maiores. A receita proveniente de publicidade advinda da iniciativa privada é ínfima. Os jornais impressos, com tiragens que deveriam nos envergonhar, mal conseguiriam pagar o papel em que imprimem suas notícias se dependessem exclusivamente da venda de banca ou de mídia privada.

Alguém duvida de que um veículo de comunicação custeado por seus leitores seja mais independente e tenha um raio de influência maior do que outro veículo que depende de verbas públicas para pagar salários, aluguel e serviços?

Um Jornalismo independente deveria ser financiado pela sociedade, pelo leitor. No entanto, em uma capital onde há apenas três livrarias e nenhum hábito de leitura isso seria cobrar demais.

Há em Mato Grosso do Sul, assim como em todo o país, uma fatia de cidadãos interessada em boa informação. São estas pessoas que, de forma mais constante, cobram dos veículos de comunicação posturas aguerridas e combativas. No entanto, elas estariam dispostas a quebrar este paradigma que transforma a nossa imprensa em apêndices do poder?

Um exemplo. A revista digital Semana On possui 110 mil curtidas no Facebook. São pessoas que se interessam pelas pautas da revista e acompanham suas edições semanais. Se cada uma destas pessoas se dispusesse a pagar, digamos, R$ 1,00 por mês para acessar a revista (R$ 0,25 por edição) poderíamos custear todas as nossas despesas e investir em mão de obra mais qualificada, estrutura e, por conseguinte, garantir pautas de maior interesse para a sociedade.

Alguém duvida de que um veículo de comunicação custeado por seus leitores seja mais independente e tenha um raio de influência maior do que outro veículo que depende de verbas públicas para pagar salários, aluguel e serviços? Portanto, não sejamos hipócritas. A busca por um Jornalismo de qualidade passa, necessariamente, por um cidadão de qualidade. Um cidadão que valorize a informação e que entenda que o Jornalismo é uma profissão comprometida com a construção de uma sociedade melhor, mas também um negócio que precisa ser custeado.


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