19/05/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

Aos trogloditas

Publicado em 07/11/2014 12:00 -

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Não há nada mais histérico do que a doutrina do ódio na política. Um exemplo desta idiotice foi o ato que reuniu 2,5 mil almas penadas no dia 1º de novembro, na Avenida Paulista, pedindo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Um bando de irresponsáveis capitaneados pelo clã dos Bolsonaro e pelo rockeiro Lobão. Só podia acabar como acabou: em uma pantomina de muito mau gosto, mas que merece a atenção da sociedade.

Não. Não sou petista, e nem usarei da desonestidade intelectual de quem quis usar este fato lamentável para alimentar a confusão ideológica que, no Brasil, tenta colocar no mesmo saco conservadorismo e fascismo. Afinal de contas, não dá para levar a sério quem confunde a socialdemocracia tucana com skinheads. E olha que muita gente foi por esta linha, especialmente na academia, nos blogs financiados e nas redes sociais.

Portanto, é bom dizer que o mesmo tipo de pantomina estrelado pelos defensores de quarteladas antipetistas tem sido representado pelo próprio PT quando o partido se esforça por enquadrar o PSDB como uma agremiação que representa a direita reacionária.

Para evitar este tipo de desonestidade intelectual, o coordenador digital de Aécio Neves durante a campanha presidencial, o ex-deputado federal do PSDB Xico Graziano, colocou a boca no trombone para separar seu partido do bando ensandecido que, além de ter pedido o impeachment da petista, defendeu um novo golpe militar no país.

Levou bordoadas de todos os lados – de reacionários inconformados a petistas enraivecidos – menos daqueles que, à direita ou à esquerda, não coadunam com aventuras militarescas e atitudes antidemocráticas. Sim, há gente séria que se posiciona no conservadorismo e na esquerda “de fato” e diz não ao autoritarismo.

Graziano foi brilhante em sua réplica aos trogloditas, da qual cito aqui um breve trecho.

“Defendi, com clareza, uma posição em favor do pensamento socialdemocrata, procurando separar as ideologias. Tentei contribuir, assim, honestamente, para o debate nacional. Espantei-me, porém, com os xingos virulentos que recebi. A truculência dessa cambada fascista que me atacou passa de qualquer limite civilizado. No fundo, eles provaram que eu estava certo: não são democratas. Pelo contrário, disfarçam-se na liberdade para esconder seu autoritarismo. Nesse sentido, se aproximam daqueles esquerdóides idiotas que querem ‘botar fogo’ no país. Ambos esses grupos, extremistas pela esquerda ou pela direita, são intolerantes e autoritários. Desprezam o regime democrático, ignoram as instituições republicanas. Querem impor, na marra, suas convicções. Eu lhes digo: não passarão.”

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