12/10/2024 - Edição 550

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Pesquisa FSB/BTG: Lula cresce mais um ponto e vai a 45% de preferência do eleitorado

Ausência de fato novo no SBT torna debate na Globo decisivo para voto útil

Publicado em 26/09/2022 12:52 - RBA, Josias de Souza (UOL) – Edição Semana On

Divulgação Ricardo Stuckert

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Pesquisa do instituto FSB contratada pelo banco BTG Pactual sobre a corrida presidencial mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 45% das intenções de voto. Ele cresceu um ponto em relação à mesma pesquisa da semana passada, enquanto o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), manteve-se no mesmo patamar, estacionado em 35%.

Em relação aos votos válidos, descontando os brancos e nulos, Lula tem 48% dos votos e Bolsonaro, 37%. Depois de cair a 44% dos válidos na pesquisa de duas semanas atrás, Lula cresceu quatro pontos e mantém chance de se eleger no primeiro turno se conquistar 50% dos votos válidos mais um.

Na pesquisa apresentada hoje, considerando ainda os votos válidos, Ciro Gomes (PDT) também ficou parado e aparece com 8%, enquanto Simone Tebet (MDB) caiu um ponto e tem 5%.

A pesquisa ouviu 2 mil eleitores, por telefone, entre sexta-feira e ontem (23 a 25). A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o índice de confiabilidade é de 95%. O levantamento possui registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-08123/2022.

Na hipótese de haver um segundo turno, de acordo com a pesquisa, Lula manteve a posição de liderança com mesma porcentagem do último levantamento: 52%.

Enquanto isso, o presidente Bolsonaro flutuou um ponto para cima, o que garante 40% do eleitorado brasileiro para o líder do Executivo. Com isso, a distância entre os candidatos diminui e apresenta 12 pontos de vantagem para Lula. O levantamento também mostra que com um cenário de segundo turno entre Bolsonaro e Lula, 7% dos eleitores preferem votar branco/nulo, mesmo índice da última pesquisa BTG/FSB. E 1% não soube responder.

Bolsonaro faz terrorismo eleitoral na beirada da urna

Proibido pelo ministro do TSE Benedito Gonçalves de continuar usando a biblioteca do Alvorada como palanque eletrônico, Bolsonaro realizou uma live clandestina na noite deste domingo. Disse estar “escondido”, como se fosse “um cara das trevas.” Nessa transmissão clandestina, o presidente comportou-se como um terrorista eleitoral. A uma semana da eleição voltou a insinuar que rejeitará qualquer resultado que não seja a sua vitória.

Baseando-se em autocritérios, Bolsonaro questionou o favoritismo de Lula nas pesquisas. Disse considerar “difícil” que Lula vença a eleição no primeiro turno. Corrigiu-se rapidamente: “Difícil não, impossível. E ponto final!”. Declarou que “o resultado tem que ser respeitado”, desde que as as eleições sejam “limpas” e “transparentes”. Insinuou que o TSE não tem preocupação com a “transparência eleitoral.”

O autoengano que leva Bolsonaro a supor que ele será reeleito mesmo ralando nas pesquisas uma taxa de rejeição de mais de 50% o impede de distinguir a fantasia da realidade. Na política, campo em que a dissimulação sempre desempenhou papel relevante, o autoengano é um perigo ainda maior. Quando o enganador se antoengana, perde o contato com o mundo real.

Bolsonaro pode odiar o Datafolha o quanto quiser. Mas quem vai se expressar nas urnas de domingo é o povo. O povo, que não entende de pesquisas, jamais erra suas previsões. A maioria vota sempre no candidato que ganha. Nessa hora, se o perdedor continuar vivendo na a realidade paralela do seu transtorno delirante, as instituições terão que transferi-lo para um manicômio. O problema é que, quando o perdedor é o presidente, ele só recebe alta do Planalto em 1º de janeiro de 2023. Terá todo o período de transição para enlouquecer o país.

Ausência de fato novo no SBT torna debate na Globo decisivo para voto útil

Se a mediocridade do debate presidencial no SBT serviu para alguma coisa foi para retardar a decisão dos eleitores que cogitam lançar mão do voto útil. Sem Lula e com dois Bolsonaros —o falso cristão e o fake-padre Kelmon—, o debate não produziu fato novo capaz de virar votos ou seduzir indecisos.

Numa disputa em que a margem de erro das pesquisas pode separar Lula da vitória no primeiro turno, o debate da TV Globo, na próxima quinta-feira, a três dias da eleição, tornou-se estratégico. Com audiência maior, o programa tende a ser acompanhado como um tira-teima pelo pedaço do eleitorado que tem o poder de decidir se haverá ou não segundo turno.

Quatro fatores estimularam o adiamento da opção pelo voto útil: 1) A ausência de Lula —único interessado; 2) O bom desempenho de Simone Tebet; 3) A conversão de Soraya Thronicke em rainha dos memes; e 4) O apelo dramático de Ciro Gomes ao eleitor: “Você precisa me ouvir”.

A presença de Kelmon, o fake-padre do PTB, abastardou o debate. O timbre rupestre do pau mandato de Roberto Jefferson deu a Bolsonaro uma aparência de madre Tereza. Ausente, Lula apanhou indefeso. Mas o orçamento secreto do capitão fez sombra às perversões petistas. De resto, ficou no ar uma interrogação: Quem ganha exposição num debate medíocre é melhor ou pior do que quem perde?

Alvos do assédio do petismo, Simone e Ciro cavalgaram a ausência de Lula para pregar contra o voto útil. Ciro bateu mais forte: “Lula produziu uma onda de propaganda que é a seguinte: todo mundo que não for Lula é fascista. E ele tem uma oportunidade de caracterizar como fascista o Bolsonaro. Ao invés de vir aqui, foge, desrespeitando você.”

Desde que ameaçou virar “onça” num debate nos estúdios da TV Bandeirantes, a pantaneira Soraya encantou-se com a condição de candidata favorita a virar “meme”. No SBT, as frases da senadora pareciam ensaiadas para saltar dos seus lábios direto para as redes sociais. Como quando ela aconselhou o ex-aliado imbrochável a não cutucar “onça com a sua vara curta”.

A boa notícia é que o cinismo de Bolsonaro não aumentou. Continuou nos mesmos 100%. Instado a dizer o que diferencia o mensalão petista do seu orçamento secreto, o capitão fez pose de vítima do patrimonialismo do Congresso. “Eu não sei para onde vai o dinheiro desse tal orçamento secreto.”

A frase tem um quê de confissão de culpa, pois Bolsonaro sabe que boa parte das verbas que libera para comprar apoio no Legislativo escoam pelo ralo da corrupção.


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