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Poder

Osmar Terra: uma das heranças da velha política ao lado de Bolsonaro

Publicado em 15/02/2019 12:00 -

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Num governo que se elegeu alegando ser a cara da “nova política”, sem espaço para corrupção e para o chamado “toma lá dá cá”, Osmar Terra é a prova concreta de que o discurso nem sempre condiz com a realidade: o político gaúcho de 68 anos tem um longo histórico de cargos públicos e foi uma das heranças do governo Temer, no qual foi ministro do Desenvolvimento Social. Ocupa agora o Ministério da Cidadania, criado por Jair Bolsonaro para englobar, junto com sua pasta anterior, os ministérios do Esporte e da Cultura.

Duas áreas sobre as quais o próprio Osmar admitiu não entender nada ao ser anunciado para o cargo, no fim de novembro – “sei tocar berimbau”, brincou. Em seu site, promete trabalhar por “geração de emprego, renda, saúde e segurança pública”. A página ainda tem uma seção especial dedicada a informações sobre dependência química e violência, na qual faz defesa convicta da permanência de proibição de todas as drogas hoje consideradas ilegais, chamando propostas de liberação de “soluções mágicas que partem de pressupostos equivocados, sem evidência científica”, ou seja, defende o formato atual da guerra às drogas, considerado um fiasco por especialistas do mundo todo.

Sobre os temas de seu ministério, tem pouco a declarar. Admitiu não conhecer as entranhas da Lei Rouanet, polêmica lei de fomento cultural acusada pela claque bolsonarista de favorecer artistas de esquerda e incentivar o marxismo cultural, seja lá o que isso for. Prometeu “auditar” a Lei. Até agora, não há notícias sobre qualquer ação que tenha sido tomada nesse sentido.

No campo do esporte, Terra teve de se manifestar após a morte dos jovens jogadores do Flamengo após o incêndio que atingiu a estrutura provisória do CT Ninho do Urubu, no Rio. Afirmou, em entrevista à CBN, que o governo pretende apurar as condições de infraestrutura em todos os outros clubes – em parceria com as prefeituras, é claro, pois ninguém é doido de assumir a bronca sozinho neste governo. O ministro também já prometeu retomar a expansão do Bolsa Atleta, o programa de suporte a esportistas que passou por forte redução orçamentária no governo Temer, mas admitiu desconhecer a estrutura de financiamento público as entidades esportivas, por meio de convênios e leis de incentivo.

Mas foi na hora de assumir a bronca que Osmar Terra mostrou que é um político das antigas, daquele “pau pra toda obra” para quem o emprega. Ele deixou o ministério por alguns dias para assumir seu quinto mandato consecutivo na Câmara dos Deputados, depois de ser reeleito com 86.305 votos, e ajudou o conterrâneo Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil, a articular a reeleição de Rodrigo Maia – a quem enxerga como “um amigo do governo” que vai colaborar na aprovação da reforma da Previdência.

Osmar é médico, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Assim que se formou, em 1974, empregou-se no antigo Inamps, braço de assistência médica do serviço público, e em 1986 foi nomeado superintendente do órgão – que seria extinto anos depois. No mesmo ano, filiou-se ao PMDB, e em 1992 disputou sua primeira eleição, sendo escolhido como prefeito de Santa Rosa, cidade no noroeste gaúcho que hoje conta com pouco mais de 70 mil habitantes. Em 1998 tentou sua primeira eleição para a Câmara, mas conseguiu apenas a vaga de suplente, assumindo o posto pela primeira vez em 2001. Entre 2003 e 2006, foi secretário estadual de Saúde, no governo de Germano Rigotto, do PMDB. De lá para cá, acumulou cinco mandatos como deputado, mas esteve fora do Congresso em pelo menos metade do tempo. Como deputado, votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

No governo Temer, orgulhou-se de ter “limpado” o Bolsa Família de beneficiários irregulares e conseguido, assim, zerar a fila de espera para a entrada no programa, que hoje atende cerca de 13,8 milhões de pessoas. Mas seu grande cartão de visitas foi o projeto Criança Feliz, que promete ajudar no desenvolvimento integral de crianças até os seis anos, por meio de ações de suporte à família que, segundo ele, são fundamentais para a redução da desigualdade social no longo prazo. A conferir.

Nome: Osmar Gasparini Terra
Idade: 68
Ministério: Cidadania
Formação: Bacharel em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Partido: MDB


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