09/12/2023 - Edição 525

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Ipespe: Lula segue estável, Bolsonaro sobe na margem de erro, Ciro e Moro empatam

Publicado em 11/03/2022 12:00 -

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Nova edição da pesquisa Ipespe, relativa à primeira quinzena de março, mostra pouca alteração no cenário eleitoral. Segundo os resultados divulgados nesta sexta-feira (11), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na frente, mantendo 43% das intenções de votos nas três últimas divulgações. Jair Bolsonaro (PL) avançou na margem de erro, para 28%, mas mostra trajetória de ascensão. Os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) empatam com 8%.

Na pesquisa anterior, divulgada em 25 de fevereiro, Lula aparecia estável em 43%, enquanto Bolsonaro havia passado de 25% para 26%, também na margem de erro. Moro estava com 8% e Ciro, com 7%.

Sem terceira via

Entre os demais candidatos, segundo a pesquisa de hoje, o governador paulista, Joao Doria (PSDB), segue estacionado nos 3%. A senadora Simone Tebet (MDB) tem 1%, assim como o governador gaúcho, Eduardo Leite (que pode ir para o PSD), e o deputado André Janones (Avante). Felipe d’Avila (Novo) e Alessandra Vieira (Cidadania) não pontuam. Entre os entrevistados, 7% responderam “nenhum”, “não iria votar”, branco e nulo, enquanto 2% não sabem ou não responderam.

Na pesquisa espontânea, em que os nomes não são citados, Lula tem 36%, um ponto percentual a mais em relação à pesquisa anterior. Bolsonaro também ganhou um e foi a 26%. Moro aparece com 5% e Ciro, com 4%. Dora é lembrado por 1%.

Segundo turno

Em cenários de segundo turno, o petista mantém vantagem. Lula teria 53%, ante 33% do atual presidente da República. Na pesquisa anterior, 54% a 32%. Contra Moro, Lula venceria por 51% a 30%. Se o adversário fosse Eduardo Leite, 55% a 29%, resultado próximo ao de um duelo contra Doria (53% a 29%). O ex-presidente também venceria Ciro: 50% a 26%.

Ciro, por sua vez, ficaria à frente de Bolsonaro por 47% a 36%. Se o segundo turno fosse entre Doria e Bolsonaro, a situação seria de empate técnico, com 38% a 37%. Mesmo caso de Bolsonaro x Moro: 33% para ambos. O atual presidente só vence Leite, por margem estreita (40% a 35%).

Segundo a pesquisa, 61% dos entrevistados não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum. O percentual cai para 42% no caso de Lula e sobe a 55% para Moro e a 59% para Doria.

De acordo com o Ipespe, a pesquisa foi realizada entre segunda e quarta-feira (7 a 9). Foram ouvidos mil entrevistados, de todas as regiões do país. A margem de erro é estimada em 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,5%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-03573/2022.

72% apostam que inflação continuará escalada, pesadelo de Bolsonaro

A nova pesquisa Ipespe aponta que 72% da população acredita que os preços dos produtos continuarão subindo nos próximos meses, frente a 63% que apostavam na mesma coisa um mês atrás. Desse total, os que creem que a inflação aumentará muito foi de 21% para 27% em um mês. Mais do que os índices de seus adversários, são esses números que tiram o sono de Jair Bolsonaro.

E eles poderiam ser ainda piores, uma vez que o levantamento foi feito antes de a Petrobras divulgar o novo aumento no preço da gasolina (18,77%), do diesel (24,9%) e do gás de cozinha (16%) nas distribuidoras – o que já está sendo repassado aos consumidores nos postos de combustível. E, também nesta sexta, o IBGE divulgou que o IPCA, a inflação oficial do país, subiu 10,54% nos últimos 12 meses.

Inflação corrói o poder de compra dos trabalhadores, que já estão amargando uma queda de 11% em sua renda média, de acordo com o IBGE, e reduz o impacto dos R$ 400 pagos do Auxílio Brasil – a recauchutagem bolsonarista do Bolsa Família.

Se o aumento no preço dos combustíveis pode gerar insatisfação na classe média alta, provoca indignação na classe baixa e média baixa, que depende do carro para trabalhar. Sim, existe um mundo entre os muitos ricos e os muito pobres no Brasil muitas vezes ignorado pelos analistas, que não sabem o que é um congestionamento na Estrada do M'Boi Mirim.

Isso sem contar no impacto do aumento geral do custo de vida, principalmente nos alimentos, decorrente da alta dos combustíveis, que afeta a classe média e os pobres.

A expectativa de endividamento para os próximos seis meses também cresceu, segundo o Ipespe. Se em fevereiro, 30% apostavam que ela iria subir, agora são 33%. Enquanto isso, a quantidade dos que acreditavam que ficaria como está passou de 36% para 33%. Os que acham que tudo permanece como está ficou estável em 23%.

Pesquisa Ipespe trouxe boas e más notícias para Bolsonaro

Dessa forma, a pesquisa Ipespe trouxe traz boas e más notícias para o presidente Jair Bolsonaro. Se por um lado continuam melhorando, lentamente, suas intenções de voto, reduzindo a vantagem do ex-presidente Lula e mantendo a terceira via estagnada, por outro vê a população pessimista quanto à alta da inflação.

Sua intenção de voto espontânea (quando não são apresentados os nomes dos candidatos) continua subindo devagar. Em janeiro, Lula marcava 35% e Bolsonaro, 23%. Agora, os índices estão em 36% a 26%. Isso demonstra um voto mais consolidado.

Na votação estimulada, a intenção passou de 44% a 24% a favor do petista, em janeiro, para 43% a 28% agora, em fevereiro, ou seja, acima da margem de erro de 3,2 pontos percentuais. A terceira via continua não chegando aos dois dígitos, com Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) empatando em 8%.

O crescimento da aprovação do presidente pode ter vários responsáveis. Primeiro, ele está em campanha aberta pelo país, trocando as obrigações do cargo pela participação em comícios e motociatas, com tudo pago pelos contribuintes.

Ao mesmo tempo, o temor da pandemia caiu significativamente com o avanço da vacinação de adultos e crianças, por mais que o próprio Jair tenha sabotado o processo, e com a diminuição da onda da variante ômicron. De acordo com a pesquisa Ipespe, se em janeiro, 36% estavam com muito medo do coronavírus e 28% sem medo algum, agora 15% estão com muito medo e 48% sem medo algum.

Isso faz com que a vida vá voltando ao normal, o que reduz a pressão sobre a (má) gestão da crise pelo presidente. Em janeiro, 57% consideravam-na ruim e péssima e 20%, ótima e boa. Agora, a avaliação está em 54% a 28%, ainda desvaforável a Bolsonaro.

Há um terceiro aspecto, não medido por esta edição da pesquisa Ipespe, que é o tamanho da influência do Auxílio Brasil, que começou no final do ano. Tomando como base o que ocorreu com o Auxílio Emergencial, em 2020, o impacto eleitoral se faz sentir alguns meses após o início do pagamento.

A questão é que, ao que tudo indica, para fazer uma grande diferença eleitoral, o valor teria que ser maior, considerando o galope da inflação. Pois, com o litro da gasolina a R$ 7, Bolsonaro não irá muito longe com os R$ 400 do benefício.

Bolsonaro agora teme 'efeito Putin' na campanha

A conta da devastação que a Rússia promove na Ucrânia chegou ao Brasil. A Petrobras represava o reajuste dos combustíveis havia 57 dias. Segurou o aumento do gás de cozinha por 152 dias. Sob os efeitos da crise mundial que a guerra provocou no setor de energia, a estatal anunciou um forte reajuste. A contragosto, Bolsonaro autorizou. Simultaneamente, o presidente deflagrou uma estratégia para evitar que sua campanha à reeleição seja contaminada pelo que foi batizado por um de seus ministros de "efeito Putin".

A engrenagem digital bolsonarista foi acionada para distanciar o presidente da encrenca. Falando aos devotos do cercadinho, o próprio Bolsonaro deu o norte do discurso: "Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada", declarou. "Só quando tem problema cai no meu colo." Nos últimos dias, o governo difundiu a informação de que cogitava congelar o preço dos combustíveis. Agora, perfis a serviço do bolsonarismo nas redes sociais começam a apresentar o controle de preços como uma urucubaca usada pelo PT, em prejuízo da Petrobras.

Bolsonaro irritou-se com declarações feitas por Lula e Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Nas pegadas do reajuste dos combustíveis, Lula afirmou que, se eleito, rediscutirá o "papel da Petrobras". Disse que a estatal foi "destruída" pela Lava Jato. Gleisi classificou de "criminoso" o método de reajuste que vincula os preços da Petrobras à variação do dólar e à cotação do barril de óleo no exterior.

Numa conversa entrecortada por palavrões, Bolsonaro antecipou a um auxiliar e a um aliado no Congresso o teor das respostas que dará em público. O que destruiu a Petrobras nos governos do PT foi a "roubalheira", declarou. Criminoso foi o "rateio" de diretorias da estatal entre políticos e empreiteiras. Ironicamente, Bolsonaro desfruta do apoio congressual de ex-sócios do PT no saque à Petrobras.

Além de elevar a temperatura do debate político, o reajuste dos combustíveis puxará para o alto os preços dos alimentos, a inflação e os juros. Essa combinação tóxica derrubará o crescimento da economia. Para ter alguma serventia, a campanha eleitoral precisa tratar dessas questões a sério.


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