Poder
Sucesso do presidente depende da economia, não de Maduro, gravatas e gafes
Publicado em 21/06/2023 8:44 - Yurick Luz (DCM), Congresso em Foco, Leonardo Sakamoto (UOL) – Edição Semana On
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Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (21) mostra que a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou. 56% dos respondentes afirmaram aprovar o que o mandatário está fazendo. No levantamento anterior, o número era de 51%.
40% disseram reprovar o trabalho do chefe do Executivo, uma oscilação negativa de dois pontos percentuais em relação aos resultados de abril. 4% são aqueles que não souberam ou não quiseram responder.
O levantamento também apontou que houve uma recuperação entre os que achavam positivos os esforços de Lula nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Nesta última, por exemplo, a aprovação do trabalho do petista foi de 46% para 56%, enquanto a reprovação passou de 47% para 42%.
Já no Sul, em abril, a reprovação ao trabalho do atual mandatário estava em 51%, ante 43% dos que concordavam com a atuação do Planalto. Agora, são 49% e 48%, respectivamente. No Nordeste, o presidente petista mantém o mesmo patamar da pesquisa anterior, com 71% aprovando seu trabalho.
A pesquisa Genial/Quaest entrevistou presencialmente 2.029 pessoas com 16 anos ou mais de 15 a 18 de junho, em 120 municípios. A margem de erro estimada é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
1/ Pesquisa Genial/Quaest de junho revela que a aprovação do governo Lula melhorou, passou de 51% para 56%. A principal razão foi a melhora na percepção positiva sobre a economia.
Segue o fio… pic.twitter.com/aqUUicwjji
— Felipe Nunes (@profFelipeNunes) June 21, 2023
Governo Lula é bom para 37% e ruim para 27%, diz Datafolha
Pesquisa Datafolha divulgada no último dia 17 mostra que Lula manteve sua avaliação estável nos últimos meses. De acordo com o levantamento, feito de 12 a 14 de junho de 2023, o governo petista tem a seguinte avaliação:
– bom ou ótimo: 37%. Na rodada anterior, feita em 29 e 30 de março, a taxa era de 38%.
– regular: 33%. Eram 30% no final de março.
– ruim ou péssimo: 27%. A taxa era de 29% na pesquisa Datafolha anterior.
– não sabem: 3%
A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais. Isso significa que as taxas apenas oscilaram dentro da margem no período de uma pesquisa para a outra, indicando estabilidade.
Os números também mostram que, por enquanto, o país segue dividido em relação ao novo governo. Segundo o Datafolha, Lula tem uma avaliação próxima à de Bolsonaro no mesmo período de seu governo, em meados de 2019. Na época, o então presidente tinha 33% de aprovação, 33% de reprovação e 31% de avaliação regular.
O levantamento foi feito pelo Datafolha em 112 municípios. O instituto entrevistou 2.010 eleitores.
Aprovacão de Lula depende da economia, não de Maduro, gravatas e gafes
Aprovações de presidentes da República estão diretamente relacionadas à sensação de bem-estar do grosso da população. Se a economia cresce, o desemprego cai, o poder de compra aumenta, a inflação fica controlada e a fome desaba, a popularidade do mandatário dispara.
Diante do pragmatismo do eleitorado de um país em longa crise, questões ideológicas são importantes para o microcosmo dos que leem editoriais de jornais ou nos debates acalorados das bolhas das redes sociais.
Lula foi reeleito em 2006 mesmo com o escândalo do mensalão porque a economia crescia. Com a melhora na qualidade de vida, terminou seu segundo mandato com 87% de aprovação, segundo o Ibope. Ou seja, quase nove entre cada dez brasileiros davam like no petista.
A estabilidade na aprovação de Lula entre as pesquisas Datafolha divulgadas no final de março e no último sábado (de 38% para 37%, de ótimo e bom, e de 29% para 27%, de ruim e péssimo), e os bons números da pesquisa Quaest de hoje, mostram que a população segue com expectativa de melhora na economia com alguns sinais que foram dados. Se a percepção fosse de piora, os números já estariam se deteriorando.
O povão não faz ideia de onde fica o tal do arcabouço fiscal. O que pode ter colaborado para uma boa vontade dos entrevistados é o aumento no Bolsa Família (com o acréscimo do valor pago a quem tem crianças pequenas), a redução no valor dos combustíveis e do gás de cozinha (sentida, principalmente, antes do aumento do ICMS), a antecipação do 13º salário a aposentados e pensionistas, as ações para reduzir os negativados na praça e até os descontos nos preços dos automóveis.
Claro que 2023 não é 2003, nem 2007, muito menos 2010. A diferença entre Lula e Bolsonaro foi de pouco mais de 2 milhões de votos, o país está mais polarizado hoje do que antes e o ruído provocado pela desinformação e o golpismo ainda são ensurdecedores.
Mas uma boa parte dos eleitores de Bolsonaro não está em guerra contra o petista, ao contrário do que acontece com o naco de extrema direita. Existe um eleitor flutuante, que já votou em Lula pela segurança material que seu governo trouxe no passado, depois foi atraído pelo discurso de costumes e comportamento de Bolsonaro e, agora, espera de Lula que cumpra as promessas de campanha.
Para resultados mais palpáveis, os juros precisam cair e empregos serem gerados. Não à toa, a artilharia sobre Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, a cobrança dos ministros por resultados palpáveis e 2 mil obras de um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a ser lançado em julho.
Se ao final deste ano, a vida estiver melhor, isso se traduzirá em alta de aprovação para Lula. Mesmo que ele receba a visita de Nicolás Maduro dez vezes ou compre 20 gravatas chiques. Caso contrário, polêmicas vão ganhar contornos bem maiores do que realmente são.
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