Mato Grosso do Sul
Publicado em 25/05/2022 12:00 -
Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.
Lideranças da comunidade da Terra Indígena de Yvy Katu, localizada no município de Japorã (MS), estão sob ameaças de homens armados, que pressionam as famílias Guarani Nhandeva à ceder suas terras para o arrendamento. “Esta é uma prática criminosa incentivada pelo governo Bolsonaro e autoridades locais”, denunciou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em comunicado urgente divulgado nno último dia 21.
A área do iminente conflito foi retomada pela comunidade em 2013 e é moradia de famílias históricas que colocaram sua própria vida em risco para garantir o direito originário aos seu território, assinala o comunicado. A Terra Indígena Yvy Katu está localizada entre municípios de Japorã e Iguatemi, fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
Segundo o Cimi, Kunha Poty_ é uma das lideranças que tem denunciado há tempos as invasões ao seu território por arrendamentos e que pede insistentemente ajuda das autoridades por conta das ameaças sofridas. “A situação piorou, depois que um conjunto de famílias de Yvy Katu denunciou, durante a Aty Guasu, Grande Assembleia dos povos Kaiowa e Guarani e que foi realizada entre os dias 17 e 21 de maio em Guaimbé – o arrendamento de terra para o plantio de monocultivos de soja”, denuncia a entidade.
As lideranças relataram que, enquanto estavam na assembleia a mata nativa da área foi derrubada e lavrada para o arrendamento, inclusive os insumos agrícolas foram estocados na terra em que vivem as famílias indígenas.
Segundo o relato das lideranças, dezenas de caminhonetes de fazendeiros estariam circulando ao redor das casas, efetuando disparos e ordenando a saída das famílias.
Além disso, segundo as lideranças, paraguaios, entre eles um identificado como Pedro Alvorada, estariam entre o grupo armado e efetuando ameaças proferindo palavras : “se vocês não aceitarem o plantio, serão mortos”. Eles também efetuaram disparos de armas de fogo.
“A situação é de extrema tensão e perigo e as autoridades têm o dever de proteger as lideranças ameaçadas e investigar as ameaças e invasões da terra indígena”, diz o Conselho Indigenista Missionário, que acrescenta: “O acesso à comunidade, pela rodovia MS 386 e que foi recentemente asfaltada, oferece possibilidade de ataques as famílias. Isso exige ação protetiva urgente destas famílias indefesas”.
Deixe um comentário