12/10/2024 - Edição 550

Mato Grosso do Sul

Força Nacional chega ao Pantanal para reforçar trabalho do Governo contra incêndios florestais

Últimos incêndios começaram em 14 propriedades, aponta MP

Publicado em 28/06/2024 9:55 - Semana On, José Câmara e Thais Libni (G1MS) – Edição Semana On

Divulgação Gov MS

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Chegaram a Corumbá na noite de quinta-feira (28) 40 homens e mulheres que integram a Força Nacional. Originários dos bombeiros militares do Distrito Federal e do Tocantins, eles vão atuar sob orientação do SCI (Sistema de Controle de Incidentes), que tem sede em Campo Grande e já vem coordenando as ações do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul no Pantanal.

Esse reforço se junta ao efetivo sul-mato-grossense dos Bombeiros que atua há mais de 90 dias no região pantaneira, a partir da cidade de Corumbá e das 13 bases avançadas espalhadas pelo bioma – reduzindo assim o tempo de resposta do combate aos incêndios florestais.

“A chegada da Força Nacional vai agregar ao trabalho que já está sendo efetuado há mais de 90 dias aqui no nosso Estado. Eles serão empregados nas nossas guarnições”, disse o coronel Frederico Reis, comandante do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul.

Reis também explica que as duas principais dificuldades de atuação no Pantanal são o deslocamento na região e a permanência nos locais dos focos. “Muitas vezes é quase impossível chegar via terrestre, chegando só com aeronaves. Ficar lá, combatendo, é outra dificuldade. Então com o reforço da Força Nacional e com o emprego de aeronaves federal, vamos fortalecer os bombeiros que já estão atuando no bioma Pantanal”, frisa o coronel.

Major dos Bombeiros de Tocantins, Marinaldo Gomes Rocha comanda a Força Nacional em Corumbá e detalha a chegada a Corumbá. “A preparação surgiu uns dois dias atrás no nosso batalhão que esta a pronto emprego. Estamos prontos para prestar o apoio ao bombeiros do Estado”.

A estrutura que desembarca junto à Força Nacional conta com 27 viaturas, sendo duas de grande porte, caminhão carregado com material de combate a incêndio. Todo o emprego dos militares nas ações será definido pelo Sistema de Controle de Incidentes.

“Estamos aqui como órgão de apoio. Então a gente presta apoio aonde o Corpo de Bombeiros local destinar. É uma satisfação, uma honra estar aqui colaborando com Mato Grosso do Sul e com todo o efetivo desse Corpo do Bombeiros”, explica o major Marinaldo Gomes Rocha.

“Vamos fazer um sobrevoo de mais ou menos 40 minutos com a Força Nacional onde está pegando fogo, vamos passar depois na Marinha”, revela o secretário estadual da Casa Civil, Eduardo Rocha, sobre os preparativos para a atuação dos reforços.

Rocha conta ainda que o Governo de Mato Grosso do Sul fará uma apresentação para os ministros que visitam hoje Corumbá, para entenderem como o fogo começou e como o Estado vem cuidando disso. “O Estado está trabalhando e eles têm de entender como isso ocorre, quantas pessoas trabalham nisso e quantos equipamentos são usados”, frisa, completando.

“O governador deve no final da apresentação técnica fazer alguns pedidos para eles”, conta, explicando que um deles deve ser relativo ao projeto de R$ 50 milhões da Defesa Civil de Mato Grosso do Sul elaborou, necessitando de carros, equipamentos e combustível.

“Nós temos julho, agosto e setembro ainda pela frente. A seca e o fogo veio antes esse ano, já que geralmente começa em agosto. Então nós temos mais três, quatro meses pela frente e nós vamos precisar. O Governo de Mato Grosso do Sul vai montar um gabinete de crise aqui em Corumbá, e cada secretário virá uma semana, dez dias, acompanhar de perto. Nós vamos ter uma equipe aqui todos os dias”, conclui o chefe da Casa Civil.

Rastro de fogo

Levantamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) identificou 14 locais responsáveis pelo início dos últimos incêndios no Pantanal. Destes, 12 são fazendas e possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR), as outras duas são áreas próximas às propriedades rurais. As causas das queimadas ainda são investigadas.

Mais de 680 mil hectares foram consumidos pelo fogo neste ano no bioma, que abrange os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Neste ano, 3426 focos de incêndio foram registrados em todo o Pantanal. O número é 2000% maior do que o de 2023, quando 157 focos de calor foram detectados.

Os incêndios mais recentes que começaram em 14 pontos já se espalharam para menos outras 100 propriedades rurais, segundo análise do promotor de justiça do Meio Ambiente Luicano Loubet. O representante do MPMS diz que ainda não é possível precisar se os incêndios possuem dolo. Ou seja, se a queimada foi iniciada de forma intencional.

“De todo este incêndio que está acontecendo, já foi espalhado por mais de 300 mil hectares, mais de 100 propriedades. Nós identificamos 14 pontos iniciais. Em seis pontos, a Polícia Militar Ambiental já foi ao local fazer investigações. Aguardamos os relatórios”, detalha Loubet.

Com ajuda de helicópteros, equipes da PMA tentam chegar aos outros pontos que ainda não foram averiguados. Após a visita, os policiais oferecem um inquérito investigativo, que vão servir de base para possíveis responsabilizações cíveis.

“Sabemos que no Pantanal maior parte dos incêndios acontecem de forma humana, mas podem ser algum incêndio acidental. Então, nosso objetivo é o seguinte: ter um agente público o mais rápido possível fazendo a investigação da causa de incêndio. Mas se não conseguirmos comprovar que houve o incêndio intencional, nós vamos gerar multa e um processo criminal. As propriedades serão chamadas ao Ministério Público para realizar trabalhos preventivos e recuperação dos danos na área”, complementa Loubet.

Os dados do MPMS são processados pelo Núcleo de Geotecnologias (NUGEO). Os pesquisadores utilizam imagens de satélites que indicam os pontos de ignição, locais onde o fogo começou.

Com ajuda dos registros espaciais, os especialistas regridem as imagens até chegarem no exato momento em que o incêndio era apenas um foco de calor. Após obter a informação inicial, os pesquisadores integram dados de precipitação e ventos para entenderem a trajetória do fogo.

PF cria Gabinete de Crise

Com base nos dados disponibilizados pelo MPMS, equipes da Polícia Federal vão instalar um Gabinete de Gerenciamento de Crise, na quinta-feira (27), no Pantanal. Os policiais devem ficar concentrados em uma sala cedida na Marinha, em Ladário (MS).

Ao todo, duas equipes vão ser deslocadas de Brasília para serem incorporados ao efetivo da PF no Pantanal. Serão enviados peritos e policiais federais especialistas em investigações de incêndios e queimadas.

O Gabinete de Crise foi criado por determinação da própria Superintendência da PF, em Brasília. Além dos agentes especializados, uma aeronave será disponibilizada para contribuir com o trabalho dos policiais, buscando agilidade para chegar nos pontos de ignição.

O superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Carlos D’Ângelo, explicou que a ida dos policiais ao Pantanal é estratégica.

“Diante da realidade observada, de crise, vamos atuar no eixo de responsabilização, se é que há. O gabinete será interagências. Esse pessoal todo será encaminhado com aparato técnico e tecnológico. Queremos enviar equipes de pronto logo após o incêndio ser debelado, isso será possível com o avião que vamos receber. Queremos ganhar tempo para ter maior qualidade na perícia técnica”, explicou o superintendente da PF.

Equipes da Marinha, Exército do Brasil, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Instituto Nacional de Preservação Ambiental (Inpa) e outros órgãos nacionais foram convidados a incorporarem o gabinete de crise.


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