08/09/2024 - Edição 550

Mato Grosso do Sul

Estados da megaestrada que liga o Brasil ao Chile terão reuniões semestrais sobre o projeto e acompanhamento do BID

Governadores dos estados paraguaios do trajeto da Rota Bioceânica se posicionam pela liberação da circulação de bitrens no país

Publicado em 30/11/2023 9:59 - Anderson Viegas (G1MS) – Edição Semana On

Divulgação Foto: Silvio Andrade

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Reuniões semestrais sobre a evolução do projeto e acompanhamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Essas foram duas das principais definições do 4º Fórum dos Territórios Subnacionais do Corredor Bioceânico Capricórnio, encerrado nesta quarta-feira (29), em Iquique no Chile.A próxima edição será promovida no primeiro semestre de 2024, conjuntamente por dois estados paraguaios, Alto Paraguai e Boqueirão.

Integrantes da expedição da Rota de Integração Latino-Americana (RILA), participaram dos trabalhos do Fórum e ajudaram e elaborar o texto da Declaração de Tarapacá (estado chileno que recebe o evento).

O documento, assinado por autoridades de Mato Grosso do Sul (Brasil), Alto Paraguai e Boqueirão (Paraguai), Jujuy e Salta (Argentina) e, Tarapaca e Antofagasta (Chile), ratificou o compromisso de fortalecer o Corredor Bioceânico, o destacando com uma grande oportunidade para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a integração entre os estados e países participantes e, ainda melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.

“É necessário estabelecer uma governança eficaz, que unifique a gestão e dê acompanhamento. Também é necessário ter um maior contrapeso com os governos centrais para que possam medir o impacto significativo do Corredor Bioceânico no desenvolvimento global”, destacou o governador de Tarapacá, José Miguel Carvajal, ao ler o documento na sessão de encerramento nesta quarta-feira.

O governador ressaltou que a megaestrada será uma rota de mão dupla para os quatro países. “O Corredor Bioceânico será uma importante ferramenta de exportação para os quatro países principalmente para a Ásia, mas também será uma grande alternativa de importação de mercadorias para essas nações em si. Vamos fazer um corredor que vai funcionar nas duas direções”, afirmou, calculando que a rota esteja já em operação a partir de 2025, quando devem ser concluídas as obras da nova ponte ligando o Paraguai, por Carmelo Peralta, ao Brasil, por Porto Murtinho (Ponte da Bioceânica) e ainda concluído o trecho final da pavimentação ainda pendente no território paraguaio.

Durante o Fórum, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), que também participou dos trabalhos, foi eleita por unanimidade e empossada como presidente do Comitê Gestor dos Municípios que compõem a Rota Bioceânica, passando a representar todas as cidades que compõem o corredor.

“Nós estamos na terceira expedição da Rota Bioceânica, mas precisávamos dar um passo além, para ter resolutividade, para a apresentação de ações concretas. Então, ontem, na reunião dos municípios que integram o corredor, sugerimos uma governança e na apresentação dessa proposta nos escolheram para estar na presidência desse comitê, desenvolvendo ações conjuntas entre as cidades”, explicou.

O assessor especial de Logística da Semadesc, Lúcio Lageman, destacou a importância da expedição e do fórum para o futuro da rota.

“A expedição foi muito bem sucedida. Percorremos todo o caminho, com diversos olhares e grandes desafios. Isso é uma parte do caminho que temos de trilhar. O estado tem se empenhado bastante, participado dos fóruns, porque é onde se discute de fato os eventos e ações que precisamos tomar em conjunto com os países. Neste fórum nos debatemos questões de infraestrutura, questões de alfândega, de saúde, de ensino com as universidades e captação de novos recursos para fazer investimentos ao longo da Rota Bioceânica. Neste momento a avaliação que o governo de Mato Grosso do Sul faz é muito positiva com várias ações para estarmos implementando em 2024 e 2025”.

Cláudio Cavol, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), entidade que promove a expedição também avaliou como muito positivo o desempenho da comitiva.

“Chegamos a Iquique sem nenhum problema maior que pudesse causar preocupação. Uma adversidade enfrentada antes, foi que dois dias antes que saíssemos de viagem caiu 120 milïmetros de chuva no Chaco Paraguaio, justamente nesse trecho da rodovia que não tem asfalto ainda. Com uma chuva desse porte, em uma região que chove anualmente 240 milïmetros por ano, é possível imaginar os estragos. Poir isso, tivemos problemas com alguns atoleiros, mas que foram facilmente ultrapassados por nossas caminhonetes. Chegamos no Chile e estamos muito felizes pela acolhida dos outros países e pela participação importante de integrantes da expedição no fórum”, concluiu.

Nesta quinta-feira, a expedição prossegue. O grupo sai de Iquique e vai viajar 962 quilômetros até San Salvador de Jujuy, na Argentina, onde a comitiva tem na sexta-feira reuniões com empresários, autoridades locais e representantes de instituições de ensino e pesquisa.

Liberação da circulação de bitrens

Os governadores dos dois estados que estão no trajeto da Rota Bioceânica no Paraguai, Alto Paraguai e Boqueirão, disseram na quarta-feira (29), que são favoráveis a liberação pelo governo federal do país da circulação de carretas bitrem nas suas rodovias.

As discussões sobre o assunto se arrastam há pelo menos seis anos no país. Em 2017, o então presidente Horácio Cartes, suspendeu a resolução que autorizava a circulação desse tipo de veículo, em razão de uma greve de caminhoneiros.

Um ano depois, em 2018, o Ministério de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai (MOPC) baixou uma resolução liberando o trêfego das carretas bitrem somente em um trecho de pouco mais de 200 quilômetros na Ruta 5.

O objetivo era estimular a exportação de soja brasileira, principalmente a produzida em Mato Grosso do Sul, pelo porto de Concepcion, com destino ao porto de Rosário, na Argentina.

Entretanto, no ano seguinte, 2019, a resolução foi revogada, e a circulação voltou a ser proibida em todo o país.

Com o projeto da Rota Bioceânica caminhando em ritmo acelerado para sua concretização, especialmente pelas obras viárias desenvolvidas no país: a Ponte da Bioceânica, entre Carmelo Peralta (Paraguai) e Porto Murtinho (Brasil) e a pavimentação de quase 600 quilômetros na região do Chaco, o assunto voltou a ser debatido.

“Estamos falando já com o ministério. Queremos dizer que se permita também no Paraguai [a circulação de carretas bitrem]. Se não existe maneira de autorizar, o pedido é para que se possibilite exclusivamente a passagem desse tipo de veículo na Rota Bioceânica para que se possa cruzar o território paraguaio. Sabemos que isso é muito favorável ao Brasil, mas temos que ver toda a logística também. Vai se transportar onde? A logística? Tem que preparar isso, mas estamos trabalhando com isso. Permitir!”, apontou o governador de Boqueirão, Harold Bergen.

“Totalmente [aprova a rediscussão do assunto]. Tem que se tratar, dialogar, conversar e a única ferramenta válida para isso é que o governo paraguaio tome uma melhor posição, para que isso avance. Estive há três semanas com o presidente Santiago Peña, falamos sobre o tema. Ele pediu que as aduanas brasileira e paraguaia sejam integradas e que o posto de controle seja feito somente uma vez, justamente para que não existam dificuldades no trajeto de qualquer veículo que tenha que passar pela Bioceânica”, apontou o governador de Alto Paraguai, Arturo Méndez Gonzáles.

O assessor especial de Logística da Semadesc, Lúcio Lageman, destacou que o governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc e a Federação das Indústrias do estado (Fiems) está criando uma nova comissão para discutir esse assunto.

“Já temos um entendimento com a região do Chaco paraguaio e acreditamos que deverá ser permitida a circulação de bitrens, principalmente no trecho da Rota Bioceânica, dentro do Paraguai, então nós devemos conseguir ter esse êxito, acreditamos já no próximo ano. Estamos trabalhando muito forte por isso e existe um entedimento muito grande do governo paraguaio e boa vontade de permitir que esses novos veículos adentrem no Paraguai. Vai ser uma questão de logística importante. Vai inclusive, aumentar o volume de produção nessa região do Paraguai e a entrada dos veículos maiores é fundamental”.

Cláudio Cavol, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), entidade que promove a expedição da Rota de Integração Latino-Americana (RILA), aponta que a instituição trabalha há vários anos pela liberação da circulação dos bitrens no Paraguai.

“Entre 2015 e 2016, o Setlog/MS fez intensas negociações com o governo paraguaio, inclusive, foi aprovada em um único trecho, que eles chamavam de Rota da Exportação, de Ponta Porã a Concepcion, a liberação foi para fomentar o porto de Concepcion, para exportar a soja brasileira. Infelizmente naquela época, os sindicatos dos transportadores do Paraguai não aceitavam isso. Agora mudou esse pensamento dentro do Paraguai, e essa pauta está voltando novamente. O Setlog/MS está acompanhando isso atentamente e nós esperamos que isso seja aprovado pois permitirá que a frota brasileira possa ajudar na exportação via Rota Bioceânica”.


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