Cultura e Entretenimento
Publicado em 10/02/2022 12:00 -
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Até o dia 27 de fevereiro, o Itaú Cultural convida o público de todo o país a se conectar na programação on-line realizada pelo instituto, que ao longo do mês mergulha no universo do circo através de espetáculos e reflexões a respeito dessa arte.
Durante boa parte de fevereiro, o Youtube e o site da instituição, e a plataforma Zoom se transformam em picadeiros por onde passam artistas contemporâneos e do circo de lona, convidados que têm suas histórias pessoais e familiares diretamente ligadas ao circo, e pensadores e pesquisadores que mantêm essas memórias vivas.
O astro central e inspirador dessa movimentação é o empreendedor Benjamim de Oliveira, palhaço cuja vida, obra e trajetória conduzem a atual exposição da série Ocupação, em cartaz na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, até o dia 13 de março.
Essa grande lona virtual abriga temporada de espetáculo no Palco Virtual de Cênicas no Youtube www.youtube.com/itaucultural e bate-papos no Zoom, com ingressos reservados via Sympla no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br, onde, no mesmo período, o hotsite da Ocupação Benjamim de Oliveira www.itaucultural.org.br/ocupacao/benjamim-oliveira exibe espetáculo, documentário e 18 vídeos sobre 150 anos depois, quem são xs Benjamins do agora?.
Em paralelo, até este domingo (13), o canal da instituição no Youtube abriga também o webinário Memória e Reinvenção – o que mantém o circo vivo?, com debates, oficinas e a apresentação circense Benjamim de Oliveira – Legado e Continuidade, encerrando o evento, na qual o Circo Zanni, sua banda e sua trupe dividem a cena com artistas diversos de diferente vertentes estéticas.
Livro
Um dos destaques da programação foi o lançamento do livro “Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil”, ocorrida no último dia 9. A parceria do Itaú Cultural com a editora WMF Martins Fontes traz a biografia do palhaço, acrobata, ator, instrumentista, compositor, ensaiador, dramaturgo e empresário Benjamim de Oliveira feita pela historiadora Erminia Silva.
Com um amplo e bem documentado levantamento histórico da vida deste artista múltiplo, um palhaço de pele negra que não aceitou o papel subalterno reservado a ele pela cultura branca dominante, a autora, que é uma das mais importantes pesquisadoras dessa linguagem no Brasil, fala também sobre o desenvolvimento do circo no país a partir do final do século XVIII.
Erminia faz a figura ímpar de Benjamim transitar pela rica história das famílias circenses,
brasileiras e estrangeiras, que encantaram multidões, e revela preciosidades sobre outros artistas da época também formados na escola do circo: uma escola informal, mas rigorosa, que transmitiu práticas e saberes seculares às novas gerações sobre esta linguagem artística complexa, dinâmica e popular que, por séculos, tem encantado gerações independentemente de gênero, faixa etária, poder aquisitivo ou grau de instrução.
“Acompanhando os passos de Benjamim, compreendi o circo como um ofício que abria um leque de atuação dos artistas, convertendo-os em verdadeiros produtores culturais. Ser conduzida pela mão do artista, de seus mestres e parceiros permitiu-me observar características significativas que compunham o conjunto do trabalho circense e acabaram por orientar este estudo: a contemporaneidade da linguagem circense, a multiplicidade da sua teatralidade, o diálogo e a mútua constitutividade que estabeleciam com os movimentos culturais da época. (…)
Não se pode estudar a história do teatro, da música, da indústria do disco, do cinema e das festas populares no Brasil sem considerar que o circo foi um dos importantes veículos de produção, divulgação e difusão dos mais variados empreendimentos culturais. Os circenses atuavam num campo ousado de originalidade e experimentação. Divulgavam e mesclavam os vários ritmos musicais e os textos teatrais, estabelecendo um trânsito cultural contínuo das capitais para o interior e vice-versa. É possível até mesmo afirmar que o espetáculo circense era a forma de expressão artística que maior público mobilizou durante todo o século XIX até meados do XX.”
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