09/05/2024 - Edição 540

Cultura e Entretenimento

Com mais de 120 atrações culturais, Festival América do Sul vai unir arte e sustentabilidade no Pantanal

Evento acontece em Corumbá entre os dias 9 e 12 de novembro, com grandes atrações

Publicado em 03/11/2023 2:08 - Semana On

Divulgação

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De 9 a 12 de novembro, Corumbá volta a celebrar a América Latina por meio do tradicional FAS (Festival América do Sul). Serão mais de 120 atrações culturais do Brasil e de outros países, incluindo apresentações musicais, de teatro, circo, dança, artes visuais, moda e oralidade com 15 horas de programação diária em um dos biomas mais importantes do mundo: o Pantanal.

Para tudo ficar perfeito, cerca de 500 pessoas estão envolvidas diretamente, incluindo técnicos e artistas. Entre as principais atrações do FAS 2023 estão Amado Batista (9/11), Neguinho da Beija-Flor (10/11), Criolo (11/11) e Frejat (12/11), porém o FAS vai muito além dessas apresentações nacionais.

O governador Eduardo Riedel destacou a importância do Festival para a cultura e para a economia de Corumbá e afirmou que a concretização da Rota Bioceânica tem aproximado ainda mais os países sul-americanos. “Estamos vivendo um momento muito forte de integração por conta da Rota Bioceânica e a cultura tem um papel fundamental”, disse.

Neste ano, o Festival, que está em sua 17ª edição, contará com o Casarão Cultural, com apresentação de músicos de outros estados do Brasil, e a Catedral Erudita, uma programação voltada para a música clássica e instrumental nas escadarias das igrejas.

O evento vai enfatizar ainda o recolhimento de resíduos, estimulando práticas sustentáveis. A expectativa de público é de 140 mil pessoas nos quatro dias. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (31) em coletiva à imprensa, no auditório da governadoria, que marcou o lançamento do FAS 2023.

O diretor-presidente da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), Eduardo Mendes, fez questão de ressaltar a participação da população de Corumbá, que opinou por meio de audiência pública. “Ouvimos a sociedade civil para chegarmos a toda essa diversidade”, declarou.

Já o presidente de Cultura e Patrimônio Histórico de Corumbá, Joilson Cruz, diz que a cidade “está de portas abertas” para receber quem for prestigiar o festival. “Esse evento marca o nosso cotidiano. São as manifestações que fortalecem nossos artistas e que a nossa cidade merece. Esse festival é um dos maiores eventos do nosso Estado e tem uma programação muito rica”, enalteceu.

O secretário Marcelo Miranda (Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania) falou da dedicação para fazer do evento um espetáculo único. “Preparamos o Festival com bastante carinho. Fizemos audiência pública, ouvimos a população. É um evento gerador de turismo e renda”, concluiu.

A coletiva de lançamento contou ainda com a participação do vice-governador José Carlos Barbosa (Barbosinha) e do secretário de Estado da Casa Civil, Eduardo Rocha.

Confira os destaques do FAS 2023.

Atrações

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul já confirmou as atrações musicais nacionais para o Festival: sobem ao Palco Integração no dia 9 de novembro, às 21h30, Amado Batista; no dia 10, Neguinho da Beija Flor, às 22h30; no dia 11, o rapper Criolo, às 22h30; e no dia 12, Frejat, às 21h15.

Amado Batista – Existem artistas talentosos que são expoentes de um gênero. E existem artistas geniais que criam um gênero. Abrindo o Festival América do Sul 2023, Amado Batista faz parte dessa leva genial – em 44 anos de carreira ele criou uma categoria própria popular brasileira e o retrato está no lançamento comemorativo em CD e DVD de seus maiores sucessos e algumas inéditas pelo Midas Music, “Amado Batista – 44 Anos”.

Pode soar redundante em lançamento comemorativo, mas a verdade é que Amado nunca cantou tanto quanto nesta apresentação e nunca teve sua obra tão bem gravada e registrada. Nas quatro décadas de carreira, Amado passou a fazer parte da cultura brasileira ao criar sua própria fórmula musical. Ele uniu no meio dos anos 1970 a sonoridade das modas de viola, o apuro melódico da Jovem Guarda, o viés popular da música brasileira e escreveu letras em forma de crônicas, com as quais todo mundo se identifica, o que lhe confere também um quê de Bob Dylan brasileiro.

A força de suas canções superou todas as tempestades musicais que o mercado passou desde então. Tanto que o repertório de “Amado Batista – 44 Anos” traz hits de todas as fases, desde o primeiro, “Desisto”, de 1977, lançado inicialmente em compacto. Da mesma década, “O Fruto do Nosso Amor (Amor Perfeito)” ganha versão repaginada na estrutura de arranjo de cordas, piano e banda escolhidos para o trabalho, que resultam no que Rick se refere a um “som espetacular”.

Dos anos 80, “Seresteiro das Noites”, “Chance”, “Mulher Carinhosa”, “Ex-Amor” e “Folha Seca”. Da década de 90 o CD/DVD tem o imenso sucesso “Princesa”, “Amar Amar”, “Quem Foi o Ladrão”, “Não Quero Falar com Ela” e mais duas com convidados e amigos.

Já do repertório do novo milênio, Amado canta “Estou Só”, “Alucinação” e “Solidão Sem Fim”. Só que além da visita à obra, ele abre o trabalho com três inéditas, que no meio da contagem geral entram para a conta de clássicos instantâneos. Melhor exemplo é o primeiro single, “Golpe Fatal”, que abre a apresentação. Os outros dois lançamentos vem logo na sequência, “Larga Tudo e Vem Correndo” e “Amor”.

No final de seu 40º lançamento, Amado cede a última canção para o filho, Rick Batista, que mostra uma pegada romântica em “Da Porta Para Fora”. Poderia soar como passagem de bastão, mas embarcado pela obra que desfilou no registro, no potencial das inéditas e na performance vocal, Amado abre um celeiro de lenha a queimar.

Neguinho da Beija-Flor – Com 50 anos de carreira, é um dos mais expressivos nomes do samba e da música popular brasileira. Compositor de inúmeros sucessos, Neguinho também é conhecido como “O intérprete dos intérpretes”, por ser o dono da voz que conduz desde 1976 a Beija-Flor de Nilópolis no desfile das escolas de samba, a maior manifestação popular da cultura brasileira.

Neguinho da Beija-Flor ostenta uma carreira além das fronteiras da folia, com shows em todos os estados brasileiros e turnês anuais por países de todos os continentes. Aqui e lá fora, enfeitiça as plateias com seus clássicos: “Magali”, “Malandro é malandro, mané é mané… ”, “Obrigado Jesus”, “Bem melhor que você ”, “Malandro também chora “, “A deusa da passarela” e “O campeão” (“Domingo eu vou ao Maracanã”), que, cantada por torcidas de todo o Brasil, tornou-se o hino oficial do Estádio do Maracanã, em 3 de novembro de 2021, como determina a lei 5014/21.

À frente da Beija-Flor desde os preparativos para o Carnaval de 1976 (o primeiro título da escola entre as grandes, “Sonhar com Rei dá Leão”, foi com samba de sua autoria), participou como protagonista de todos os 14 títulos ‒ em quatro deles os componentes cantaram sambas que tiveram Neguinho como compositor.

O artista também foi consagrado com premiações de grande relevância no Carnaval do Rio. Venceu cinco vezes o Estandarte de Ouro, maior prêmio individual da festa, concedido pelo jornal O Globo, e arrebatou ainda dez Tamborins de Ouro, dado pelo jornal O Dia.

Mantendo sua atividade artística, Neguinho da Beija-Flor segue na missão de difundir a cultura popular brasileira pelo mundo

Criolo – Que o samba está presente na vida de Criolo há muito tempo, já não é mais segredo. Para celebrar seu amor por ele, nada melhor que um novo show focado exclusivamente no ritmo, que o cantor paulistano lança agora com a alcunha de Samba Só.

O show é um projeto especial e intimista que reúne ao vivo seus sambas autorais, além de versões de clássicos imortais de sambistas que admira e acompanha desde o início de sua vida e carreira musical. No setlist canções como “Menino Mimado”, “Espiral de Ilusão”, “Fermento pra Massa” e muito mais.

“Sempre tive um carinho muito grande por samba. Música é muito forte e samba é algo muito especial pra nós, pra todo nosso povo, pra nossa cidade, pra minha família. Muita coisa me visitou e desaguou em forma de samba sem que eu pedisse. As músicas começaram a ser um martelo e um formão, que visita a carne e o coração”, explicou Criolo sobre sua relação com o ritmo quando do lançamento do disco e show “Espiral de Ilusão”, em 2017, somente com sambas autorais.

Pelo álbum, Criolo foi contemplado como melhor cantor de samba pelo Prêmio de Música Brasileira em 2018, que também teve o disco como finalista. Além de sua proximidade com o Pagode da 27, Criolo já se apresentou ao vivo e se envolveu em projetos com gigantes do samba como Nelson Sargento, Monarco e Paulinho da Viola.

Em Samba Só, Criolo é acompanhado de um quarteto de músicos de peso, formado por Ricardo Rabelo (cavaco), Gian Correa (violão 7 cordas), Maurício Badé (percussão) e Ed Trombone (trombone e percussão).

Frejat O show Frejat Ao Vivo, que vai ser apresentado no Festival América do Sul, é um passeio pela trajetória do cantor, uma espécie de viagem biográfica musical. O repertório apresenta alguns de seus maiores sucessos, agora “turbinados” e com energia renovada.

O show investe em um formato musical eficiente (duas guitarras, baixo, bateria e teclados) e revela as muitas facetas da personalidade musical de Frejat em canções pop sofisticadas, baladas bluseiras, MPB revistada e roquenrol do bom. Quem melhor define Ao Vivo é próprio Frejat: “É um show cheio de sucessos pra gente cantar, dançar e se divertir muito”.

Frejat sobe ao palco acompanhado por uma das melhores bandas de apoio em atividade no país: Maurício Almeida (guitarra e vocal), Bruno Migliari (baixo e vocal), Humberto Barros (teclados e vocais) e Marcelinho da Costa (bateria e vocais).

Cantando como nunca – acompanhado de sua guitarra nos momentos mais agitados e no violão nas passagens mais baladeiras – Frejat apresenta parcerias com Cazuza, como as emblemáticas “Exagerado”, “Bete Balanço”, “Maior Abandonado”, “Por que A Gente é Assim?” e “Pro Dai Nascer Feliz”, além de uma longa lista de hits como “Por você”, “Pedra Flor e Espinho”, “Amor pra Recomeçar” e “Segredos”.

Clássicos da MPB já consagrados na voz de timbre personalíssimo de Frejat, como “Amor Meu Grande Amor’ e “Malandragem Dá Um Tempo, também fazem parte do roteiro, assim a versão do autor pra “Malandragem”, eternizada na voz de Cássia Eller.

Em sua 17ª edição, Festival faz parte da história cultural de Corumbá

Trazendo culturas divergentes, unindo os povos e movimentando a Avenida General Rondon e o Porto Geral da Cidade Branca, o evento tornou-se um marco da região, e a expectativa de público para este ano é de 140 mil pessoas nos quatro dias.

O FAS produz ações que contribuem para a valorização da diversidade cultural e a promoção de debates de temas relativos à cidadania, meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Além disso, é um espaço onde os artistas podem mostrar seu trabalho e expressar seus sentimentos por meio da música, poesias e artesanatos.

A exemplo disto, o festival dá espaço à cultura das ruas através da Batalha do Porto, que faz parte do evento desde 2019 com disputas de danças e rimas. A Mc La Brysa, de Dourados, foi campeã na batalha de rima em 2022 e recorda dos bons momentos que viveu em Corumbá.

“Eu amei demais o evento. Não só o evento em si, mas toda a vivência que a gente teve dentro da batalha, tanto na de MCs quanto na batalha de All Style (dança). A quantidade de mulheres e LGBTs que tinham também me deixou muito feliz. Eu nunca tinha ido a Corumbá, achei a cidade muito linda e a gente foi super bem recebido.”

La Brysa também lembra de outro momento que marcou sua passagem no FAS 2022 após vencer a Batalha do Porto. “Quando eu ganhei, veio um monte de criança me abraçar. Tinha muita criança assistindo o festival, muitas famílias também e foi muito ‘da hora’ ver a molecada crescer com isso”.

A MC reflete sobre a importância do Festival levar as batalhas para um palco tão importante. “É muito importante porque, crendo ou não, a gente ainda é muito marginalizado. A cultura já salvou muitas vidas das drogas, do crime. E levar isso para um público, de certa forma, leigo, que não entende a nossa visão, é muito importante para abranger realmente aonde a gente precisa estar”.

Na memória mais recente do festival, também participaram da edição passada a banda de reggae Rockers Sound System. Diego Manciba, um dos membros do grupo, recorda das vivências e do público que interagiu de forma surpreendente.

“Participar do Festival América do Sul foi uma experiência incrível e fundamental para nós, do Rockers Sound System. Levar a cultura do reggae para um Festival tão renomado é mais do que uma simples apresentação, é uma oportunidade de compartilhar as vibrações positivas e a mensagem de respeito, união e autenticidade que o reggae representa.”

Diego também conta que o evento proporcionou um palco significativo para difundir a paixão pelo reggae e celebrar a riqueza da cultura periférica que tanto os inspira. “O Festival foi uma etapa significativa em nossa jornada para espalhar essas mensagens positivas por meio da linguagem universal da música. E acho importante falar também que foi uma oportunidade valiosa para quebrar estereótipos e combater a marginalização muitas vezes associada ao reggae”.

Nascido e criado em Corumbá, João Gabriel Nascimento frequenta o FAS desde as primeiras edições, quando ainda tinha 14 anos de idade, e conta as experiências que viveu no evento. “Minha mãe me levava para alguns shows, oficinas, peças, na época eram dez dias de festival e eu preenchia meu tempo com todas as atividades que podia ir. Eu cheguei a ver palestras com o MV Bill, peças da Argentina, Uruguai, Bolívia, e daqui do País, Estado e cidade, cortejo do Cordel do Fogo Encantado, oficinas de malabares, audiovisual e graffiti.”

João, que gosta de participar da maioria das atividades proporcionadas pelo FASP, relata que a atmosfera da cidade se transforma quando o festival se aproxima. “Eu sinto que muda o clima da cidade porque traz para nós acesso a manifestações culturais e artísticas que fogem do nosso cotidiano. Embora Corumbá seja uma cidade essencialmente folclórica e expressiva nas suas manifestações culturais e tradicionais, quando rola um festival do porte do América do Sul é como se a gente pudesse potencializar essas manifestações mostrando para quem vem de fora, recebendo e tendo acesso às culturas que os outros países trazem para cá. Uma troca bem bacana, bem vivida eu diria porque costumo aproveitar cada atividade que é proporcionada”.


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