AUAU MIAU
Publicado em 02/09/2015 12:00 -
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Agora, os cachorros geralmente não passam de companhias para os seres humanos. No entanto, eles costumavam ser obrigados a trabalhar para ganhar a vida. Antigamente, as raças de cachorros eram valorizadas por sua capacidade de realizar tarefas difíceis (ou mortais), o que explica muito sobre algumas características que não prestamos muita atenção, como o formato do salsichinha ou a pele dobrada do shar-pei.
Confira:
Salsichinhas foram criados para matar texugos
Com seus corpos grossos, pequenos braços de T-Rex e uma tendência injustificada de latir violentamente, dachshunds (os famosos salsichinhas) são, para a maioria das pessoas, uma raça um pouco melhor do que uma piada.
Mas, acredite ou não, suas características foram projetadas com um objetivo em mente. O peito largo e o nariz pontudo, combinados com sua personalidade agressiva, são perfeitos para o trabalho para o qual eles foram criados: matar texugos.
Sim, o cão mais ridicularizado da história canina foi projetado para combate subterrâneo mortal com um dos animais mais cruéis do mundo. “Dachs” é alemão para “texugo”, de modo seu nome se traduz como “cão texugo”.
Os torsos tubulares e patas grandes ajudam o cão a se mover através de túneis subterrâneos, enquanto o nariz permite uma melhor respiração subterrânea.
O leopardo-catahoula pode subir em árvores
A linhagem do cão leopardo-catahoula é nebulosa. Alguns dizem que colonos franceses nos EUA cruzaram seus cães de trabalho com lobos vermelhos. Outros afirmam os americanos nativos locais cruzaram suas raças com os cães de guerra de Hernando de Soto cerca de 300 anos antes.
Seja qual for a sua origem, esses animais podem ser uma visão surpreendente para os não iniciados, com seus olhos “vidrados” e sua pelagem que se parece com um Jackson Pollock. Ainda mais admirável, estes cães têm uma habilidade normalmente não associada com a sua espécie: podem subir em árvores.
Esta habilidade não foi o resultado de criadores criativos que talvez misturaram um gato a um cão. Provavelmente surgiu naturalmente. Comida era muitas vezes escassa nos velhos tempos, e os cães tinham que se virar para não morrer de fome. Por necessidade, estes animais tornaram-se incrivelmente versáteis, desenvolvendo não só a capacidade de escalada, mas também patas especiais para natação e alta inteligência.
Quando seus talentos únicos foram reconhecidos, seus proprietários tornaram-se muito protetores da raça. A linhagem foi mantida pura através de medidas estritas (e muitas vezes cruéis).
Como resultado, os cães leopardo são uma das poucas raças domésticas capazes de caçar porcos selvagens sem ser despedaçados no processo.
A pele frouxa dos shar-peis é defesa contra javalis
O shar-pei é uma raça projetada especificamente para caçar javalis, usando o poder da sua pele solta. É isso mesmo que você leu.
O problema com javalis é que eles são bestas selvagens furiosas com pele à prova de balas, enquanto os cães não são tão grandes. Shar-peis têm em média 45 a 50 centímetros de altura e 20 a 30 kg, o que no papel não é páreo para os tanques que javalis são.
Para ultrapassar este problema, essa raça foi criada para ter uma quantidade extrema de rugas na pele, que lhes dão a opção de simplesmente deixar a besta mordê-los, e chacoalhá-la para longe. Assim, a espessa camada de dobras que lhes deu seu olhar característico de bicho de pelúcia é, na verdade, uma arma.
Provavelmente era uma questão de tempo até um ser humano nojento ter a ideia de deixar os cães lutarem entre si. Porém, como os shar-peis são uma das raças mais amáveis que existem, esses imbecis precisam usar drogas para fazê-los atacarem sua própria espécie. Ó, extinção humana, quando você chegará?
Dálmatas são mascotes de bombeiros por uma razão
Embora uma grande parte da sociedade ocidental provavelmente pensa que os dálmatas foram inventados pela Disney, esta antiga raça vem da Croácia e foi usada primeiramente para acompanhar diligências, porque se dá muito bem com cavalos.
A razão pela qual dálmatas são comumente conhecidos como cães de bombeiros é que, além da sua boa relação com os cavalos que eram utilizados para levá-los aos locais de incêndio, dálmatas não têm medo de fogo.
Nos dias em que incêndios eram combatidos por pessoas em carruagens de madeira superinflamáveis, alguém percebeu que os dálmatas – uma raça antiga literalmente pintada em hieróglifos egípcios – poderiam ser usados para limpar o caminho. Eles ainda consolavam os cavalos que, ao contrário deles, tinham medo do fogo, e protegiam os pertences dos bombeiros enquanto eles faziam seu trabalho (porque os ladrões são enormes idiotas que se aproveitam de situações exatamente como essas).
A invenção dos carros mudou tudo, mas esses cães ainda acompanham caminhões de bombeiros hoje, pelo que representam.
Um rumor comum é de que estes animais eram usados para ajudar os bombeiros porque tinham problemas de audição, e assim as sirenes não os perturbavam. É verdade que esta raça tem uma longa história de surdez, que está ficando pior por causa do sucesso de “101 Dálmatas” (que incentivou o tipo de criador imbecil a vender filhotes geneticamente deformados), mas isso não tem a ver com o motivo pelo qual eles costumavam acompanhar esses bravos guerreiros.
As orelhas enormes do Basset Hound são usadas para rastrear qualquer coisa
Basset Hounds não são exatamente conhecidos por sua beleza estonteante: eles têm o corpo desajeitado em forma de salame de um salsichinha e a propensão a babar de um São Bernardo.
A parte surpreendente é que esses animais foram criados para rastrear e caçar coelhos, o que parece uma premissa absurda para um cão lento com pernas curtas, uma vez que os coelhos são ridiculamente rápidos.
No entanto, Bassets são perfeitamente aptos a fazer o seu trabalho. Eles têm um incrível senso de olfato. As orelhas longas e flexíveis, embora tenham uma tendência a apodrecer (Bassets são propensos a infecções fúngicas), podem ajudá-los ainda mais nessa missão de rastrear coelhos.
Esta característica faz com que esses cães farejem com veemência tudo o que podem encontrar. Dadas as circunstâncias, as pernas curtas fazem sentido – a orelha do basset ganha seus superpoderes apenas em contato com o solo.
A sua resistência incrível, combinada com sua incapacidade de ir muito rápido, permite que caçadores acompanhem esses cães em missões de captura e, uma vez que um coelho é encontrado, os Bassets ganham folga, porque humanos tendem a ter armas para perto.
O cão leão da Rodésia caça leões
Quando o Zimbábue ainda se chamava Rodésia, os colonizadores europeus chegaram na África e se depararam com uma paisagem assustadora cheia de animais diferentes de tudo o que tinham visto antes. Naturalmente, eles queriam caçar esses animais. Mas os cães que trouxeram junto com eles eram usados para perseguir coisas como raposas e veados, não leões.
Então, decidiram cruzar seus animais com os cães semisselvagens Khoikhoi mantidos pelos hotentotes, um povo local, e o resultado foi o Rhodesian Ridgeback, também conhecido como o leão da Rosédia.
Estes cães não eram usados para rastrear e apontar a direção de leões, mas sim para perseguir de fato Mufasas da vida real, trazendo-os para perto de seus mestres, momento no qual eles apontavam suas armas aos grandes felinos.
Esses cães são imunes a picadas de insetos e são capazes de acompanhar um caçador a cavalo por 50 quilômetros. Enquanto são perfeitamente adequados para o terreno áspero das planícies africanas, também se mostram excelentes companheiros de casa. Se eles não fazem exercício suficiente, no entanto, podem destruir todo o seu arredor.
O termo “ridgeback” (literalmente algo como “cume nas costas”) refere-se à pele levantada na parte traseira do animal.
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