11/10/2024 - Edição 550

AUAU MIAU

Fisioterapia veterinária promove a reabilitação de pets

Publicado em 28/05/2014 12:00 -

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Ganhando cada vez mais espaço no mundo dos pets, a fisioterapia veterinária têm se estabelecido no segmento como uma das mais eficazes formas de ajudar cães e gatos com problemas neurológicos e ortopédicos relacionados à mobilidade, tendo destaque, também, como uma ótima ferramenta no combate à obesidade animal.

Embora a sua presença no setor tenha se intensificado no Brasil, somente, ao longo da última década; a fisioterapia veterinária tem caído no gosto dos profissionais do cuidado animal, e cada vez mais veterinários encontram nesse tipo de terapia a solução para os mais diversos e complicados problemas de seus pacientes pets.

O pouco conhecimento em relação à técnicas e modalidades da fisioterapia em animais era grande até algum tempo atrás, tanto em função da falta de informação dos profissionais do segmento como da ausência dessa disciplina nos cursos de graduação dos futuros veterinários; que, sem conhecer os benefícios dessa terapia em cães e gatos, acabavam encaminhando seus pacientes de quatro patas para outras especialidades – nem sempre tão eficientes.

Além de atuar como uma ferramenta poderosa no tratamento e na reabilitação de animais com complicações de mobilidade, a fisioterapia veterinária também exerce um grande poder de auxílio na fase pós-operatória de cães e gatos; agilizando o processo de recuperação dos animais que passaram por intervenções cirúrgicas de variadas naturezas.

Principais modalidades da fisioterapia veterinária

Terapia pelo frio (crioterapia) Consiste na aplicação de frio na região debilitada do corpo do animal, limitando o fluxo sanguíneo da região e, com isso, promovendo a diminuição da dor e a redução dos edemas existentes. Muito indicada para ocorrências que envolvem lesões ou no período pós-operatório, pode ajudar a aliviar e tratar problemas envolvem traumas, inflamações, artrites e tendinites, entre outros.

Terapia pelo calor (termoterapia) A área do corpo do animal afetada recebe calor de forma superficial como forma de tratamento, promovendo o aceleramento da cicatrização, a oxigenação da região, o aumento da extensibilidade dos tendões, a diminuição da resistência ao movimento nas articulações e o alivio de espasmos musculares, além da diminuição de dor e do relaxamento da musculatura do local. Contra indicada nos casos em que haja hematomas, tumores, feridas abertas ou problemas de circulação, a aplicação de calor só é indicada como terapia quando a inflamação aguda da região já foi extinta.

Ultrassom Bastante usado no mundo da fisioterapia humana, o ultrassom terapêutico é capaz de propagar o calor para áreas e tecidos mais profundos do corpo do animal, promovendo resultados similares aos da terapia por aplicação de calor, só que mais potentes e em regiões ainda mais específicas. Este método também não é indicado para casos em que haja inflamação, e é realizado por meio do uso de um condutor de freqUência que pode ser ajustado em diferentes níveis. Podendo ser considerada uma modalidade de terapia por calor quando usado no modo continuo, o ultrassom terapêutico também existe no modo pulsátil – que não produz calor e destaca outras características – e tem como beneficio a estimulação da regeneração de tecidos, o aumento do fluxo sanguíneo e a aceleração de reparo ósseo.

Massoterapia Tendo a massagem como ferramenta de tratamento, a massoterapia promove o relaxamento físico e mental, aumenta fluxo sanguíneo no local, desfaz aderências e elimina espasmo ou espasticidade muscular, além da diminuição considerável dos níveis de tensão do animal – sendo indicado que, ainda no início do tratamento, o fisioterapeuta busque formas de criar algum tipo de vínculo com pet, permitindo que este tenha confiança e segurança nele para o bom andamento do processo. Dores e contrações musculares constantes, lesões e problemas de articulação são algumas das complicações que podem ser melhoradas com esse tipo de terapia.

Cinesioterapia Fazendo o uso de movimentos e exercícios físicos, a cinesioterapia é um método terapêutico que aumenta flexibilidade e o fortalecimento muscular da região afetada no animal sem ser invasivo ou causar dor. A variedade de atividades propostas nesse tipo de tratamento é imensa, e inclui tanto exercícios passivos como ativos, podendo fazer o uso de objetos que auxiliam a movimentação do pet ou que criem obstáculos a serem superados por ele – sendo recomendado para complicações em função de problemas neurológicos ou ortopédicos, na maioria das vezes.

Mecanoterapia Faz a utilização de aparatos mecânicos que obrigam o paciente a executar, passiva ou ativamente, movimentos destinados a promover uma integração com as atividades diárias do animal. Essa técnica faz o uso de prancha proprioceptiva ou de equilíbrio, balança para propriocepção, esteira ergométrica, exercício com bola e exercícios com rolo para gerar seus benefícios.

Hidroterapia Tida como uma das mais eficientes e utilizadas formas de terapia veterinária da atualidade, a hidroterapia faz o uso da água como ferramenta de auxílio de tratamento e como forma de minimizar qualquer tipo de impacto no processo – diminuindo o peso do animal quando imerso e, com isso, possibilitando uma mobilidade maior e de forma confortável. Indicado para prevenir atrofias musculares, aumentar a capacidade cardiorespiratória, estimular a circulação sanguínea, aliviar a dor, aumentar da flexibilidade, reeducar músculos paralisados, fortalecer a musculatura, manter e melhorar equilíbrio, coordenação e postura, além de aumentar a mobilidade dos bichos. Esse método de terapia tem, ainda, efeitos psicológicos; permitindo mais independência e confiança do pet, além de viabilizar movimentos que não são possíveis em solo. Tem sido amplamente usada no tratamento contra a obesidade animal; gerando resultados surpreendentemente bons.

Laserterapia Bastante popular na fisioterapia, o laser (Ligth Amplification by Stimulates Emission of Radiation) é capaz de gerar efeitos antiinflamatórios e analgésicos, diminuindo consideravelmente o nível de dor dos animais e, em alguns casos, até mesmo acabando com a necessidade do uso de medicamentos alopáticos para o controle da dor. Auxilia, também, na consolidação óssea; acelerando o processo e na regeneração de nervos periféricos. O reparo de tecidos e a cicatrização de feridas também são amplamente beneficiados por meio da laserterapia, que já se tornou um dos métodos mais populares entre os animais em fase pós-operatória.

Eletroterapia Tendo os estímulos elétricos como ferramenta, a eletroterapia ajuda na recuperação de massa muscular; sendo indicada para casos de atrofia, dor crônica, fraturas, rupturas musculares, problemas circulatórios e uma série de complicações de natureza neurológica, como a Síndrome de Wobbler e a Hérnia de Disco. A intensidade dos estímulos elétricos gerados no corpo do animal é determinada de acordo com o nível do problema e a resposta do pet ao tratamento – sendo que o uso desse tipo de terapia não é recomendado para bichos com inflamações na região a ser tratada, doenças infecciosas ou áreas anestesiadas. Existem diversos tipos de correntes como TENS, FES, gavanica e russa faradica; sendo que as mais utilizadas são o TENS (estimulação nervosa elétrica transcutânea) – para alivio de dor e relaxamento – e o FES (estimulação elétrica funcional), que promove contrações musculares induzidas pela corrente elétrica, minimizando a atrofia muscular.

Principais indicações da terapia veterinária

As indicações da fisioterapia em animais são muitas, e englobam, principalmente, problemas neurológicos e ortopédicos. Problemas de mobilidade em função dos mais diversos motivos, recuperação no período pós-operatório e dificuldade de fortalecimento muscular são alguns dos problemas que podem ser ajudados pela fisioterapia veterinária – sendo que, nos dias de hoje, nem só os animais com complicações físicas podem encontrar soluções nessa especialidade.

A luta contra a obesidade dos animais têm tido um grande aliado na fisioterapia, promovendo mais mobilidade e o emagrecimento de animais com excesso de peso. Além disso, os pets esportistas – que praticam esportes como o Agility, entre outros – e de exposição também podem encontrar benefícios nas técnicas de reabilitação de cães e gatos, ganhando um condicionamento físico melhor.

Outro aspecto que também pode ser influenciado por esse tipo de tratamento é a saúde de animais idosos, que adquirem mais bem-estar e qualidade de vida por meio dos exercícios e atividades propostas pela fisioterapia veterinária. Confira, a seguir, algumas das complicações mais graves e comuns em pets que podem ter bons resultados de melhoria com a adoção da fisioterapia em animais:

Displasia Coxo-femoral Destacando fatores genéticos e nutricionais entre as suas principais causas, a Displasia Coxo-Femoral promove o alinhamento errado da articulação da bacia do animal com a cabeça do fêmur; sendo mais comum em cães de grande porte, de raças como Rottweiler, Pastor Alemão, Golden Retriever e Fila Brasileiro, entre outros.

Traumas e fraturas A fisioterapia veterinária pode ser iniciada antes mesmo de cirurgias corretivas para fraturas e traumas diversos, sendo a crioterapia (aplicação de frio na região) um dos métodos mais indicados nesta fase. O período pós-operatório também é amplamente beneficiado pela fisioterapia em animais, acelerando o processo de recuperação e o fortalecimento de musculaturas, entre outras vantagens.

Hérnia de Disco Consistindo em uma doença degenerativa, a Hérnia de Disco pode ser dividida nos tipos Hansen I e Hansen II. No tipo I, que começa a se manifestar do animal perto dos 2 anos de idade, movimentos bruscos, saltos ou brincadeiras mais agitadas podem provocar muita dor no pet; sendo raças como Dachshund, Poodle e Shih Tzu algumas das mais afetadas pelo problema. No Tipo II, a degeneração do disco vertebral ocorre em animais de idade mais avançada, sendo que raças de grande porte como Pastor Alemão, Labrador e Boxer estão entre os mais suscetíveis ao problema – que começa a dar sinais apenas depois do 5º ou 6º ano de vida do cão.

Luxações Vertebrais Tendo procedimentos cirúrgicos como principal forma de tratamento, as fraturas e luxações vertebrais podem passar a receber o auxílio da fisioterapia cerca de uma semana após a cirurgia no animal, aumentando a massa muscular e a mobilidade do pet, além de acelerar o processo de regeneração da região; sendo a hidroterapia um dos melhores métodos para esse tipo de tratamento.

Síndrome de Wobbler Também conhecida como Espondilopatia Cervical, a Síndrome de Wobbler causa a compressão da medula espinhal cervical caudal dos cães, promovendo grandes limitações de mobilidade e coordenação no animal. Para os animais em que o quadro do problema ainda é recente, somente a fisioterapia já pode ser de grande eficiência em mais de 70% dos casos; sendo que, em casos mais avançados, a físio pode ajudar muito no período pós-operatório.

Mielopatias Mais comum em cachorros de porte grande e idade avançada, a Mielopatia Degenerativa afeta raças como Pitbull, Boxer, Labrador, Pastor Alemão e Rottweiler – que passam a ter grandes dificuldades para se movimentar e podem até desenvolver casos de paralisia. Mais rara, a Mielopatia Embolítica Fibrocartiloginosa (ou embolia fibrocartloginosa) acomete cães de médio e grande porte com idade entre 3 e 6 anos, na maioria das vezes. Provocando a perda de movimento de um ou mais membros de um lado do corpo do animal, paralisias e dor, o problema tem na fisioterapia veterinária uma das suas principais esperanças de tratamento – já que, até hoje, não há cirurgias ou outro tratamento para a complicação que tenha se provado eficiente.

Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur A necrose das células da cabeça do fêmur é mais freqüente em cães de pequeno porte, de raças como Yorkshire, Poodle Toy e variações do Terrier. A atrofia dos músculos, a dor e o encurtamento do membro acometido são alguns dos principais sintomas da complicação, que pode ter seu processo de recuperação e amenização acelerado pelos métodos da fisioterapia veterinária.

Ruptura de ligamentos Bastante comum em animais muito ativos e que fazem movimentos bruscos demais em atividades variadas, a ruptura de ligamentos como o cruzado cranial é solucionada por meio de intervenções cirúrgicas; que tem na fisioterapia um grande auxílio, aliviando a dor do animal no período pós-operatório, melhorando os casos de atrofia muscular e o aumentando a resistência das estruturas da região, promovendo o retorno da mobilidade do pet de maneira mais rápida e eficiente.

Luxação de patela Comum no mundo canino, a luxação de patela é mais comum em cães de pequeno porte, mas também afeta os cachorros maiores – sendo dividida em quatro graus de gravidade. Com a ajuda da fisioterapia veterinária, é possível tanto regredir a velocidade da progressão das luxações (adiando e, em alguns casos, até mesmo evitando a necessidade de procedimento cirúrgicos) como, também, auxiliando o animal nos períodos pré e pós operatório.

Osteoartroses em geral Prejudicando um grande grupo de articulações dos pets – incluindo coxofemoral, coluna vertebral, joelhos e cotovelos – as osteoartroses (que atingem cerca de 20% dos animais de idade mais avançada) podem ser muito beneficiadas pelos métodos da terapia veterinária, amenizando a dor e regenerando as cartilagens articulares das regiões afetadas pelo problema.

Obesidade Resultados impressionantes têm sido alcançados no tratamento da obesidade por meio da terapia veterinária. Combinada à adoção de uma dieta saudável, nutritiva e controlada, a terapia veterinária permite a recuperação da mobilidade e da saúde de pets obesos de uma maneira geral – tendo a hidroterapia feita com o uso de esteiras aquáticas entre as suas mais eficientes formas de amenizar o problema.

Acupuntura como auxílio da fisioterapia veterinária

Originária da medicina chinesa, a acupuntura é um método alternativo de tratamento, cada vez mais usado na terapia veterinária como uma forma de auxílio e gerando resultados extremamente benéficos. Promovendo o estímulo de pontos específicos do corpo do pet por meio da introdução de agulhas extremamente finas na região afetada, este método pode ajudar na reabilitação animal das formas mais variadas – promovendo o alívio da dor, ajudando em casos de paralisia, problemas respiratórios, de pele, gastrointestinais e até nas mudanças bruscas de comportamento.

Vale lembrar que, embora seja um método fisioterapêutico bastante popular e eficiente, a acupuntura é apenas uma ajuda adicional aos meios mais tradicionais de fisioterapia, e não deve ser utilizada como única forma de tratamento para cães ou gatos com complicações graves – sendo que o cenário ideal é que esta terapia seja combinada com outras, para que resultados melhores possam ser alcançados.

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Alexandre


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