10/09/2024 - Edição 550

Campo Grande

Campo Grande registra aumento de 2,2ºC em 60 anos, revela estudo

Mato Grosso do Sul enfrenta nova onda de calor com máxima de 39ºC

Publicado em 15/08/2024 10:13 - Semana On

Divulgação Victor Barone - Photoshop

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O aquecimento de Campo Grande não é apenas uma sensação – é uma realidade confirmada por dados. Uma análise conduzida pelo doutor em Meteorologia Vinicius Buscioli Capistrano, professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), mostra que a temperatura na capital sul-mato-grossense aumentou em 2,2°C nos últimos 60 anos. O estudo utilizou informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) coletadas entre janeiro de 1963 e junho de 2024.

Esses dados foram registrados por uma estação meteorológica próxima ao Aeroporto Internacional, localizada em uma área de mata adjacente à zona urbana. A análise baseou-se no teste de Mann-Kendall, que mediu as temperaturas máximas e mínimas às 14h, o horário mais próximo do pico de aquecimento solar.

Capistrano observa que o aumento médio de 0,4ºC por década, resultando em 2,2ºC após seis décadas, não é insignificante. Apenas nos últimos 20 anos, a temperatura média subiu 1,4ºC. O período entre o final da década de 1990 e meados de 2024 registrou picos de calor mais intensos e mínimas mais elevadas, indicando verões mais quentes e invernos mais brandos.

Efeitos do aquecimento global e fenômenos regionais

O aquecimento global é um dos principais fatores por trás dessa elevação de temperatura. Higo José Dalmagro, doutor em Física Ambiental e professor da Uniderp, explica que o fenômeno também é impulsionado por eventos regionais, como o El Niño. Esses fatores, aliados ao crescimento urbano desordenado e à redução de áreas verdes, contribuem para o surgimento de “ilhas de calor” em Campo Grande.

O professor destaca que essas ilhas de calor resultam da absorção e retenção de calor pelos edifícios, da impermeabilização do solo com asfalto e concreto e das emissões de calor geradas pelas atividades urbanas. Mesmo com a arborização que rendeu à cidade o título de “Tree City of the World”, os efeitos das ilhas de calor persistem, especialmente em áreas como o Centro e os bairros Amambaí e Vila Glória, que possuem menor cobertura vegetal.

Ondas de calor e mudanças climáticas

Desde o início dos anos 2000, as ondas de calor – períodos em que as temperaturas ultrapassam 35°C – tornaram-se mais frequentes em Campo Grande. A média das temperaturas máximas subiu de 34,5ºC para 36,7ºC, com picos chegando a 40ºC. As mínimas, antes na faixa dos 27,6ºC, agora atingem 29,8ºC.

As noites quentes também têm se tornado mais comuns. Em novembro de 2023, por exemplo, foi registrada a temperatura noturna recorde de 32,6ºC, tornando o sono quase impossível para muitos moradores da cidade.

Medidas de mitigação e futuro

Para os especialistas, embora o aquecimento seja irreversível, medidas podem ser tomadas para mitigar seus efeitos. Higo defende a criação de um sistema integrado de monitoramento climático, com dados de satélite para a produção de mapas detalhados de calor e precipitação, ajudando a cidade a se adaptar melhor às mudanças climáticas.

Além disso, o Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas, coordenado pela Planurb, está desenvolvendo um plano de descarbonização para reduzir as emissões de gases poluentes. A cidade já conta com iniciativas históricas, como o plantio de árvores centenárias na Avenida Afonso Pena e a criação de unidades de conservação, mas o desafio é grande.

Por fim, Vinicius Buscioli está conduzindo uma pesquisa que avalia o impacto da crescente frota de veículos em Campo Grande, além de estudar os efeitos da operação da termelétrica William Arjona. Os resultados desse estudo poderão auxiliar na criação de políticas públicas mais eficazes, com o objetivo de tornar o estado neutro em emissões de carbono até 2030.

Mato Grosso do Sul enfrenta nova onda de calor com máxima de 39ºC

Com a chegada de uma nova onda de calor, os sul-mato-grossenses se preparam para enfrentar temperaturas elevadas. Nesta quinta-feira, os termômetros podem marcar até 39ºC em algumas regiões do Estado.

Segundo o Climatempo, a umidade relativa do ar cairá a níveis críticos, o que pode trazer prejuízos à saúde. Especialistas recomendam manter-se hidratado e evitar atividades físicas intensas durante os períodos mais quentes do dia. A previsão é que o tempo quente e seco persista até pelo menos o dia 22 deste mês.

Essa nova onda de calor é causada pela presença de uma massa de ar quente que se estabeleceu no Brasil. O fenômeno é similar às ondas anteriores e está sendo impulsionado por uma área de alta pressão em níveis médios da atmosfera, que intensifica a circulação de ventos quentes vindos do interior do país, resultando em tempo seco e temperaturas elevadas.

Em Campo Grande, o dia começou com temperaturas mais amenas, registrando 20ºC pela manhã. No entanto, a previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) indica que a máxima pode chegar a 36ºC tanto hoje quanto na sexta-feira. No fim de semana, os termômetros podem alcançar 37ºC, e esse cenário deve se manter nos próximos dias.

As regiões mais afetadas pelo calor extremo serão as do Pantanal, com máximas previstas de 38ºC em Corumbá, Aquidauana e Porto Murtinho, e de 39ºC em Coxim.

O calor também será intenso na região sul do Estado. Ponta Porã e Naviraí podem atingir 33ºC, enquanto Dourados e Ivinhema devem registrar 34ºC.

Outras máximas previstas para esta quinta-feira incluem: 37ºC em Água Clara; 36ºC em Três Lagoas, Paranaíba, Costa Rica, São Gabriel do Oeste e Maracaju; 35ºC em Bonito e Nova Alvorada do Sul; 34ºC em Nova Andradina; e 33ºC em Bataguassu.

A população deve se preparar para enfrentar mais alguns dias de calor intenso, com as altas temperaturas prevalecendo em todo o Mato Grosso do Sul.


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