Campo Grande
Em vídeo que circula nas redes sociais, prefeita fez comentários considerados ofensivos, ao se referir às religiões de matriz africana como práticas de “ímpios”
Publicado em 11/10/2024 12:01 - Semana On
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O Fórum Estadual de Cultura de Mato Grosso do Sul e o Fórum de Cultura de Campo Grande emitiram uma nota pública repudiando declarações recentes da prefeita e pré-candidata à reeleição, Adriane Lopes. Em um vídeo que circula nas redes sociais, a prefeita fez comentários considerados ofensivos, ao se referir às religiões de matriz africana como práticas de “ímpios”, o que gerou forte reação entre líderes culturais e religiosos.
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Na nota, os fóruns destacam que a fala da prefeita não apenas fere o princípio da laicidade do Estado brasileiro, mas também reforça estigmas racistas que há séculos marginalizam a população negra e suas tradições. “Religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, são parte fundamental da cultura e história do povo brasileiro, particularmente das populações afrodescendentes que contribuíram significativamente para a construção do Brasil e de Campo Grande”, diz o documento.
A crítica também aponta que as declarações de Adriane Lopes não são apenas um ataque à liberdade religiosa, mas também um reflexo de racismo estrutural. Segundo a nota, associar práticas religiosas de origem africana a termos como “ímpios” perpetua a criminalização dessas expressões culturais e espirituais, algo que tem raízes históricas na resistência negra no Brasil.
Intolerância e Racismo Religioso
Os fóruns ressaltam ainda a gravidade do discurso da prefeita, em um contexto em que o Estado de Mato Grosso do Sul enfrenta altos índices de intolerância religiosa. A intersecção entre racismo e intolerância religiosa, segundo a nota, faz das religiões de matriz africana alvos constantes de violência e perseguição. O documento denuncia que falas como a de Adriane Lopes incitam essa violência, agravando a divisão social e promovendo o ódio.
O Brasil, por ser um país laico e plural, exige que todos os cidadãos, independentemente de sua fé ou crença, sejam respeitados. “O cenário político exige representantes que respeitem e defendam a pluralidade religiosa, o direito à fé e às liberdades individuais, elementos basilares de uma sociedade democrática”, reforça o comunicado.
Investigação e Providências
Além do repúdio público, o Fórum Estadual de Cultura e o Fórum de Cultura de Campo Grande pedem que órgãos competentes, como o Ministério Público e a Comissão de Direitos Humanos, investiguem as declarações da prefeita. A nota também reafirma o compromisso das entidades com a defesa dos direitos humanos, da liberdade religiosa e da diversidade cultural no município.
Finalizando, o texto traz um apelo por uma Campo Grande inclusiva, plural e respeitosa, onde todas as expressões culturais e religiosas possam coexistir em paz. O discurso da prefeita Adriane Lopes, de acordo com as entidades, contraria esses princípios ao incitar a divisão e a intolerância entre os cidadãos.
um infeliz comentário por parte de uma pessoa considerada postulante a prefeitura de campo grande.
Triste , uma pessoa pública concorrendo a cargo público , querendo se eleger prefeita fazer um comentário desse. Senhora Adriana ,você não sabe que política e religião não combina? sinto muito…..